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Minc elogia "ecopresidente", que não o garante no cargo
Lula é evasivo quanto ao futuro do ministro, que voltou a fazer críticas a ruralistas
O presidente disse que vai reunir Minc e Stephanes (Agricultura) nos próximos dias para que eles possam resolver suas divergências
SIMONE IGLESIAS
ENVIADA ESPECIAL A CARAVELAS (BA)
Apesar do clima de camaradagem entre o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e Carlos
Minc (Meio Ambiente), o ministro voltou a criticar os ruralistas, ontem na Bahia, no primeiro evento público em que
ambos participam juntos depois da série de críticas públicas feitas pelo titular da pasta
ambiental. Lula foi evasivo
quanto ao futuro do ministro.
Em entrevista após evento
pelo Dia Mundial do Meio Ambiente, Lula foi questionado se
Minc permanecerá no governo.
Ele não disse que sim nem que
não e ressaltou que não tem
sentido ministro se enfrentar.
"Não tem nenhum sentido
que haja briga entre dois ministros porque não é necessário.
Se tem divergência, é colocada
na mesa do presidente e a gente
resolve", disse.
Lula afirmou que vai reunir
Minc e o ministro Reinold Stephanes (Agricultura) nos próximos dias. "Quando um pai
tem muitos filhos e o pai sai de
casa os filhos fazem algazarra,
brigam entre si. Eu pretendo
reunir os filhos para que se coloquem de acordo", afirmou.
Dentro e fora do palanque,
Minc riu das piadas de Lula e
complementou frases do discurso do presidente. "Esse é
meu presidente ecológico, meu
ecopresidente", disse.
O ministro voltou a criticar
os ruralistas. Ao discursar na
frente de Lula disse: "O governo governa para o Brasil e não
para a bancada ruralista".
Minc decidiu atacar outros
ministros do governo, especialmente Stephanes e Alfredo
Nascimento (Transportes), depois de uma série de derrotas
de sua pasta. Uma foi a redução,
determinada por Lula, na taxa
de compensação ambiental cobrada de empresas.
Carecas
Lula afirmou que os países ricos têm que pagar ao Brasil para ajudar na preservação da floresta e os chamou de "carecas"
por não terem árvores. "Não
podemos aceitar o discurso
simplista deles [países ricos]
que temos apenas que preservar. É preciso que os países ricos que já desmataram toda sua
floresta comecem a pagar para
que a gente preserve a nossa."
O presidente disse que só
concebe política ambiental se
ela possibilitar melhoria de vida para as pessoas mais pobres
e o equilíbrio entre ambientalistas e empresários radicais.
Minc criticou o excesso de
resorts no litoral. "Em muitas
praias do Nordeste chega primeiro o resort, depois o campo
de golfe e a tartaruga já está comendo bola de golfe achando
que é ovo de gaivota. O pescador vira empregado do clube de
golfe e depois toma um pé na
bunda e vai virar favelado porque perdeu a sua terra", disse.
O ministro disse ainda que
vai sugerir a Lula que vete parte
da medida provisória que regulariza terras públicas na Amazônia Legal. Segundo ele, a proposta enviada pelo Executivo
ao Congresso foi "desfigurada".
"Antes dizia que era pessoa
física [que poderia receber terras], e virou empresa. Antes, o
sujeito tinha que morar no local, agora diz que pode morar
em São Paulo e querer uma terra na Amazônia", afirmou.
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