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ROMBO AMAZÔNICO
Novos documentos do caso Banpará devem atrasar relatório
Promotores devem pedir quebra de sigilo de Jader
ARI CIPOLA
LUÍS INDRIUNAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
O Ministério Público do Pará
deve pedir a quebra do sigilo bancário do presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), e de
outros supostos beneficiários do
desvio de R$ 10 milhões do Banpará citados em relatório do Banco Central elaborado pelo inspetor Abrahão Patruni.
Um dos três promotores que
analisam o caso afirmou ontem,
sob a condição de não ter seu nome revelado, que Jader é citado no
relatório. Ontem, os promotores,
que há dois dias são assessorados
por dois auditores do BC, começaram a receber documentos suplementares ao relatório.
"Já comprovamos o desvio, mas
precisamos de outros documentos", afirmou o promotor João
Gualberto, que divide a investigação com os colegas Hamilton Salame e Agar Jurema.
Os extratos bancários existentes
no documento de Patruni, segundo os promotores, seriam insuficientes para definir quanto cada
um dos beneficiários do desvio levou nas operações.
Os promotores incluirão no relatório microfilmagens dos cheques e outros documentos que solicitaram ao BC. Do ponto de vista
legal, a microfilmagem dos cheques e de todas as operações bancárias investigadas, segundo eles,
formam um conjunto de prova
mais contundente.
A chegada de novos documentos e a tendência de pedir a quebra
do sigilo bancário de todos os envolvidos podem levar os promotores a atrasar seus planos de concluir os trabalhos neste mês.
O rastreamento é necessário, segundo os promotores, para finalizar a ação que pretendem mover
contra as pessoas que se apoderaram dos recursos públicos. A ação
do MP paraense seria para pedir o
ressarcimento dos recursos aos
cofres públicos.
Os documentos também estão
sendo analisados pelo Ministério
Público Federal, em Brasília, que
estuda também a possibilidade de
denunciar os envolvidos por crime de peculato, que ainda não estaria prescrito.
Por conta das apurações, os auditores do Banco Central que estão em Belém -Antônio Benito
de Souza e Nelson Rodrigues de
Oliveira- devem ficar até a semana que vem na cidade.
A Agência Folha apurou que
parte dos problemas de identificação dos beneficiários dos desvios do Banpará, ocorrido em
1984, quando Jader governava o
Estado, é decorrente do fato de
que na época era possível fazer
aplicações ao portador.
No primeiro relatório de Patruni, feito em 1989, o inspetor chegara apenas a 11 depósitos de cheques administrativos na conta de
Jader na agência Jardim Botânico
do Banco Itaú, no Rio de Janeiro.
No segundo relatório, feito em
1992, Patruni pôde fazer um rastreamento melhor, beneficiado
por uma lei do então presidente
Fernando Collor de Mello, que
pôs fim às aplicações ao portador.
Assim, pode se identificar o nome
dos beneficiários.
TDAs
O delegado da Polícia Federal
Luiz Fernando Ayres Machado,
responsável pela venda ilegal de
TDAs (Título da Dívida Agrária),
começa hoje a ouvir cinco pessoas
envolvidas no caso, entre elas, o
presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA).
O depoimento de Jader está
marcado para a próxima terça-feira, às 10h, em seu apartamento
em Belém, mas a data e o local podem mudar -por ser senador,
Jader tem direito a escolher.
Machado, que deveria chegar a
Belém na madrugada de hoje, investiga a ligação de Jader com a
venda de R$ 4 milhões em TDAs
da fazenda Paraíso, desapropriada ilegalmente em 1988, quando
Jader era ministro da Reforma
Agrária do governo Sarney.
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