São Paulo, sexta-feira, 06 de julho de 2001

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ESQUELETO TUCANO

Ex-assessor de FHC comemora suspensão da quebra de seu sigilo

Procuradores enganaram juiz, diz EJ

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira comemorou ontem a suspensão da quebra do sigilo bancário das empresas Meta, Metacor, Metaplan e de seus sócios Claudio Haidamus, Ivan Aragão e Eduardo São Clemente D"Azevedo.
A revelação da movimentação bancária dessas empresas e de seus sócios, decretada pela Justiça Federal em Brasília na semana passada, foi suspensa anteontem por decisão do presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Fernando Tourinho Neto.
EJ já foi sócio do Grupo Meta. O ex-secretário-geral, primeiro da lista de 17 pessoas físicas e jurídicas que tiveram o sigilo bancário revelado, vai recorrer. Mas não tem pressa.
"Pela terceira vez, você tem a mesma coisa [não-autorização da quebra de sigilo". Em São Paulo, o juiz indeferiu [quebra do sigilo". Em Brasília, foi deferida em primeira instância com base apenas em uma possibilidade de sonegação fiscal em 1999 e 2000, deixando claro que não havia indícios de crime contra a administração pública. E agora o juiz Tourinho também não vê indícios contra mim", afirmou EJ.

Aniversário
Hoje o ex-secretário completa um ano como protagonista de investigações do Ministério Público. Tornou-se alvo dos procuradores em 6 de julho de 2000, quando, em entrevista ao jornal "Valor Econômico", atribuiu a tratativas sobre nomeação de juízes classistas suas conversas telefônicas com o juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto.
O ex-secretário disse que o procurador Luiz Francisco de Souza enganou o juiz Ronaldo Desterro, que decretou a quebra.
"O procurador [Luiz Francisco" apresentou ao juiz [Desterro" um relatório da Receita de abril, para o qual eu já havia apresentado documentação complementar."
Os procuradores Luiz Francisco e Alexandre Camanho assinaram a petição de 206 páginas pedindo à Justiça a revelação dos dados acerca de EJ, seus familiares, ex-sócios e empresas, num total de 38 titulares. Conseguiram quebrar 17 sigilos.
Luiz Francisco caracterizou como "irrelevante" o fato de EJ ter apresentado documentação complementar à Receita Federal.

"Terrorismo"
Em entrevista à imprensa ontem, o juiz Tourinho Neto chamou os procuradores de "terroristas". Na decisão em que suspendeu as quebras de sigilo das empresas do Grupo Meta e de seus sócios, Tourinho Neto criticou a extensão da petição apresentada por Luiz Francisco e Camanho, afirmando que se tinham tantos "indícios veementes" deveriam ter oferecido denúncia, sob pena de terem prevaricado.
Tourinho afirma que a petição dos procuradores é comparada a uma "sentença condenatória, dada por quem não tem atribuição para tanto". Segundo o juiz, "tem-se a nítida impressão de que se trata de uma acusação, e não de um pedido de investigação".

"Repúdio"
A Associação Nacional dos Procuradores da República divulgou uma nota de repúdio às declarações de Tourinho Neto. Segundo a entidade, o juiz extrapolou "os limites da crítica construtiva" e "partiu para agressões pessoais".



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