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Intelectuais simpatizantes do PT vêem risco de Lula repetir De la Rúa
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O temor de que a oposição brasileira repita após 2002 o fiasco do
governo Fernando de la Rúa na
Argentina foi o elo comum entre
os participantes do seminário
"Um outro Brasil é possível", realizado nas noites de terça-feira e
anteontem, em Porto Alegre. O
evento reuniu intelectuais petistas
ou simpatizantes do PT.
Na Argentina, De la Rúa liderou
uma aliança de centro-esquerda e
venceu as eleições contra Carlos
Menem. Desde a sua posse, a crise
econômica no país se aprofundou
e Domingo Cavallo, homem forte
do primeiro governo Menem, foi
chamado de volta ao comando da
economia, o que, porém, não estancou a derrocada argentina.
"Não sei se Lula tem clareza de
que De la Rúa fracassou porque
deu continuidade ao programa de
Menem", disse o sociólogo Emir
Sader, referindo-se ao fato de que
o provável candidato petista, Luiz
Inácio Lula da Silva, tem dito que
não será um novo De la Rúa.
Sader apresentou um antecedente: nos anos 80, a esquerda,
disse, não percebeu que havia um
sistema que se esgotava. "Embarcou na democracia como se ela
fosse resolver tudo. Hoje, também há um modelo esgotado."
O sociólogo Cesar Benjamin,
um dos maiores críticos do
abrandamento do discurso do
PT, fez uma crítica semelhante.
"Parecemos um cão em torno do
rabo, pensando na economia em
curto prazo. Se insistirmos em
pensar o Brasil por cenários macroeconômicos, não nos livraremos do sentimento de impotência", afirmou.
"Temos baixo crescimento,
conglomerados urbanos e falta de
esperança. A estratégia do PT não
está clara. Não podemos ser um
De la Rúa", disse.
Para o cientista político José
Luís Fiori, da UFRJ, o próximo
governo herdará um "pacotão"
de problemas, algo como um "coquetel molotov". Ele disse que o
presidente eleito em 2002 terá de
adotar medidas tipicamente capitalistas para cobrir o que define
como "rombo". "Qualquer força
política que assumir em 2003 tem
de saber que se trata de uma herança muito difícil de mudar."
Fiori tomou como exemplo didático a cidade de São Paulo, governada por Marta Suplicy (PT).
Prefeita mais impopular entre as
principais capitais, segundo o Datafolha (4,2 pontos), Marta herdou a administração paulistana
do ex-prefeito Celso Pitta.
O presidente nacional do PT,
José Dirceu, disse, a respeito das
declarações de Fiori, que "não se
pode pensar que não há saída".
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