São Paulo, sábado, 06 de julho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Seções mineiras dos partidos desfazem coligação; direções nacionais devem fazer intervenção "branca"

PT e PL racham no Estado do vice de Lula

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O PT e o PL romperam na tarde de ontem a coligação estadual em Minas Gerais, que deveria servir de modelo para outros diretórios regionais dos dois partidos por ser, justamente, o Estado do senador José Alencar (PL), escolhido vice na chapa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Como o rompimento ocorreu em meio a uma "guerra verbal" e acusações de ambos os lados, o presidente do PL-MG, deputado estadual Agostinho da Silveira, disse que seria obrigação da sigla, ao menos, propor a Alencar que desista de ser vice de Lula para se candidatar ao governo de Minas.
Apesar do rompimento em "clima de guerra", segundo os liberais e os petistas, a decisão não deve ter implicações para a chapa Lula-Alencar.
O rompimento da aliança teve como motivo principal o não-entendimento para a formação da aliança para deputado estadual. O PL queria; o PT, com medo de perder espaço na chapa, não. Sem acordo, os dois decidiram pelo rompimento.
Tão logo se consumou o racha em Minas, as cúpulas dos dois partidos se reuniram em São Paulo. Participaram, entre outros, Lula, Alencar e os presidentes dos dois partidos, José Dirceu (PT) e Valdemar Costa Neto (PL).
Ficou acertado que até terça-feira os partidos deverão tentar uma solução que garanta a coligação. A Folha apurou que, se o PT local não aceitar a coligação estadual, poderá sofrer "intervenção branca". O PT nacional bancará a ata da reunião de seu diretório de 28 de junho, em que está registrada a coligação com o PL em Minas.
Alencar entrou na crise como bombeiro. Disse que o problema regional "não interfere em nada na aliança nacional" -portanto, será o vice de Lula- e que vai esperar a poeira abaixar até "segunda ou terça", quando conversará com o PT e o PL no Estado.
Ontem à noite, disse ser contra a intervenção do diretório nacional do PT, posição que defendeu na reunião da manhã. "Sou pela conversa, pelo entendimento."
O senador acredita que os dois partidos conseguirão retomar a aliança, apesar do clima ruim. "Isso é como em uma Copa do Mundo, que nós ainda estamos comemorando. Às vezes sobra uma cotovelada, mas é coisa do calor da disputa. Com humildade e fé em Deus vamos conseguir."

Críticas
Após a crise gerada pela renúncia da senadora Heloisa Helena ao governo de Alagoas, o PT quer evitar a qualquer custo um novo incidente -ainda mais na terra do vice de Lula.
Ontem, dirigentes do PL cobraram do PT nacional que enquadre sua seção estadual. "O José Dirceu foi um incapaz, não quer cumprir o documento que assinou. Eu conversei com o Valdemar [Costa Neto" e respondi que em momento algum nasci para ser covarde ou traidor", disse Silveira.
O liberais acusaram o PT de "prepotente" e "egoísta". No papel de bombeiro, Costa Neto declarou que espera uma solução de consenso. "A divergência ali não é política ou ideológica. É simplesmente no preenchimento dos cargos", declarou.
O secretário-geral do PT-MG, Paulo César Funghi, principal negociador pelo partido, também fez críticas. "O PL insiste em uma coligação que não podemos fazer." Ele reconheceu que o rompimento "traz prejuízos" para o PT.
O PL já havia aprovado em convenção que apoiaria a candidatura do deputado federal Nilmário Miranda (PT) ao governo estadual, além de fazer coligação para o Senado e para deputado federal.
No início da semana, diante da ameaça de intervenção do diretório nacional, os petistas chegaram a declarar que fariam a aliança, mas retaliariam apresentando um número pequeno de candidatos para deputado estadual.
O PT acusa o PL de tentar desfazer a candidatura de Nilmário, querendo que ele fosse trocado pelo ex-prefeito Patrus Ananias -Nilmário tem cerca de 2% nas pesquisas de intenções de voto.


Colaborou a Reportagem Local


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