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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Seções mineiras dos partidos desfazem coligação; direções nacionais devem fazer intervenção "branca"
PT e PL racham no Estado do vice de Lula
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O PT e o PL romperam na tarde
de ontem a coligação estadual em
Minas Gerais, que deveria servir
de modelo para outros diretórios
regionais dos dois partidos por
ser, justamente, o Estado do senador José Alencar (PL), escolhido
vice na chapa presidencial de Luiz
Inácio Lula da Silva (PT).
Como o rompimento ocorreu
em meio a uma "guerra verbal" e
acusações de ambos os lados, o
presidente do PL-MG, deputado
estadual Agostinho da Silveira,
disse que seria obrigação da sigla,
ao menos, propor a Alencar que
desista de ser vice de Lula para se
candidatar ao governo de Minas.
Apesar do rompimento em "clima de guerra", segundo os liberais e os petistas, a decisão não deve ter implicações para a chapa
Lula-Alencar.
O rompimento da aliança teve
como motivo principal o não-entendimento para a formação da
aliança para deputado estadual. O
PL queria; o PT, com medo de
perder espaço na chapa, não. Sem
acordo, os dois decidiram pelo
rompimento.
Tão logo se consumou o racha
em Minas, as cúpulas dos dois
partidos se reuniram em São Paulo. Participaram, entre outros, Lula, Alencar e os presidentes dos
dois partidos, José Dirceu (PT) e
Valdemar Costa Neto (PL).
Ficou acertado que até terça-feira os partidos deverão tentar uma
solução que garanta a coligação. A
Folha apurou que, se o PT local
não aceitar a coligação estadual,
poderá sofrer "intervenção branca". O PT nacional bancará a ata
da reunião de seu diretório de 28
de junho, em que está registrada a
coligação com o PL em Minas.
Alencar entrou na crise como
bombeiro. Disse que o problema
regional "não interfere em nada
na aliança nacional" -portanto,
será o vice de Lula- e que vai esperar a poeira abaixar até "segunda ou terça", quando conversará
com o PT e o PL no Estado.
Ontem à noite, disse ser contra a
intervenção do diretório nacional
do PT, posição que defendeu na
reunião da manhã. "Sou pela conversa, pelo entendimento."
O senador acredita que os dois
partidos conseguirão retomar a
aliança, apesar do clima ruim. "Isso é como em uma Copa do Mundo, que nós ainda estamos comemorando. Às vezes sobra uma cotovelada, mas é coisa do calor da
disputa. Com humildade e fé em
Deus vamos conseguir."
Críticas
Após a crise gerada pela renúncia da senadora Heloisa Helena ao
governo de Alagoas, o PT quer
evitar a qualquer custo um novo
incidente -ainda mais na terra
do vice de Lula.
Ontem, dirigentes do PL cobraram do PT nacional que enquadre
sua seção estadual. "O José Dirceu
foi um incapaz, não quer cumprir
o documento que assinou. Eu
conversei com o Valdemar [Costa
Neto" e respondi que em momento algum nasci para ser covarde
ou traidor", disse Silveira.
O liberais acusaram o PT de
"prepotente" e "egoísta". No papel de bombeiro, Costa Neto declarou que espera uma solução de
consenso. "A divergência ali não é
política ou ideológica. É simplesmente no preenchimento dos cargos", declarou.
O secretário-geral do PT-MG,
Paulo César Funghi, principal negociador pelo partido, também
fez críticas. "O PL insiste em uma
coligação que não podemos fazer." Ele reconheceu que o rompimento "traz prejuízos" para o PT.
O PL já havia aprovado em convenção que apoiaria a candidatura do deputado federal Nilmário
Miranda (PT) ao governo estadual, além de fazer coligação para
o Senado e para deputado federal.
No início da semana, diante da
ameaça de intervenção do diretório nacional, os petistas chegaram
a declarar que fariam a aliança,
mas retaliariam apresentando um
número pequeno de candidatos
para deputado estadual.
O PT acusa o PL de tentar desfazer a candidatura de Nilmário,
querendo que ele fosse trocado
pelo ex-prefeito Patrus Ananias
-Nilmário tem cerca de 2% nas
pesquisas de intenções de voto.
Colaborou a Reportagem Local
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