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São Paulo, domingo, 06 de julho de 2003

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Nova central"não tem volta", diz articulador

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No começo, era o Movimento em Defesa da Previdência Social e do Serviço Público, criado para reforçar o lobby contra a reforma da Previdência. Com orçamento de cerca de R$ 500 mil por mês bancado por entidades de juízes, policiais, delegados da PF, diplomatas e fiscais, o grupo partiu para a criação de uma nova central de funcionários públicos. A central não tem mais volta, diz Ezequiel Nascimento, presidente do Sindilegis.
 

Folha - A nova central por enquanto é ameaça?
Ezequiel Nascimento -
Nesta altura não tem mais volta. O que se vai fazer é dar os contornos jurídicos. A idéia é que ela venha a representar servidores de todas as esferas (União, Estados, municípios) e de todos os Poderes.

Folha - Isso põe em xeque o posto da CUT como maior central do país?
Nascimento -
Não. Só vamos poder chegar a 6,5 milhões de filiados, que são os dados disponíveis do número de servidores em cidades com mais de 100 mil habitantes. No máximo, a 8,5 milhões. O IBGE contou recentemente 1.709 sindicatos representativos de servidores. Menos de 10% são filiados à CUT. A maioria não está filiada a nenhuma central.

Folha - E como estão alinhados politicamente os organizadores da nova central?
Nascimento -
O perfil é do servidor mediano, fechado à partidarização. Essa média é até politizada, mas não é instrumentalizada por partido político. Há uma simpatia muito grande a que todos os partidos estejam presentes, mas uma antipatia imensa a qualquer tentativa de partidarização. Ela nasce como uma central pluripartidária.

Folha - Em relação ao governo Lula, existe uma posição por parte dos organizadores?
Nascimento -
Esse núcleo é composto 100% por pessoas que durante sua vida toda trabalharam pela eleição de Lula. Naturalmente, há certo sentimento de decepção. Não acredito que se chegue a definir um apoio ao governo, da mesma forma que não vamos puxar uma palavra de ordem "Fora Lula".

Folha - A nova central é filha da oposição à reforma da Previdência do governo Lula?
Nascimento -
Essa central não pode ser circunstancial, tem de ter perenidade. Ela é resultado de um sentimento de extrema solidão do servidor. Nos últimos 20 anos, os servidores foram vítimas de campanhas difamatórias, que nos colocaram como atividade sob suspeição. Éramos primeiro os marajás, depois os vagabundos, agora os privilegiados. Em 20 anos, as tentativa de os servidores se organizarem nessas centrais existentes não surtiu nenhum efeito.


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