São Paulo, terça-feira, 06 de julho de 2004

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NO EXTERIOR

Ex-presidente estaria negociando com governo sua volta à OEA

Itamar articula saída de embaixada

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Itamar Franco, 74, por conta própria, está há mais de dois meses afastado da Embaixada do Brasil na Itália a fim de participar de articulações políticas. O ex-presidente está no Brasil desde 27 de abril e deve voltar apenas na semana que vem a Roma.
Mas talvez o retorno seja por pouco tempo. A Agência Folha apurou que Itamar negocia sua saída de Roma. Após setembro, o embaixador gostaria de voltar para a OEA (Organização dos Estados Americanos), nos Estados Unidos, onde foi embaixador (1996-98). O governo, porém, ainda não emitiu nenhum sinal.
Ontem, Itamar (PMDB) teve encontro com o governador Aécio Neves (PSDB-MG), em Belo Horizonte, para se despedir do seu aliado político, segundo assessores do governo mineiro. Itamar saiu sem falar com a imprensa.
Ele não comenta suas pretensões. Mas, na sua estada no Brasil, teria tratado da sua suposta saída com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, no dia 11 de maio. Questionado sobre isso, Amorim disse: "Não vou nem confirmar nem desmentir".
Dois dias depois, Itamar fez um breve comentário sobre o almoço no Itamaraty: "Ele [Amorim] vai acertar com o presidente Lula qual será o meu destino. Mas é claro que meu destino pertence a mim também", afirmou .
A assessoria de imprensa do Itamaraty informou que o ministro-conselheiro Dante Coelho de Lima, segundo na hierarquia em Roma, está respondendo pela embaixada. Sobre o valor do salário do embaixador, informou que precisava solicitar ao departamento pessoal, mas que a informação demoraria até dois dias.
Em agosto Itamar completará um ano no cargo. Seu nome foi aprovado em abril de 2003, mas ele só assumiu em agosto, porque estava "magoado" com o fato de a aprovação no Senado ter sido apertada (29 votos a favor, 25 contra e duas abstenções).
A embaixada em Roma foi escolha do próprio Itamar. Foi um agrado do presidente Lula pelo reconhecimento aos trabalhos políticos prestados pelo então governador de Minas durante a eleição presidencial de 2002.
O que trouxe Itamar agora ao Brasil foi a combinação com Aécio. Os dois selaram uma aliança política para as eleições de outubro e para o futuro.
Na capital mineira, Aécio manobrou e pôs PSDB e PMDB juntos para a eleição de outubro. Caberia a Itamar unir peemedebistas e tucanos em Juiz de Fora, sua base eleitoral, mas lá o PMDB vai apoiar o PDT contra o PSDB.


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