São Paulo, terça-feira, 06 de julho de 2004

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CAMPO MINADO

Líder sem terra chamou Palocci de "panaca" e criticou política econômica

Discurso de Stedile é infeliz, diz Genoino

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente nacional do PT, José Genoino, rotulou ontem de "infeliz" a declaração feita anteontem pelo coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) João Pedro Stedile, na qual chamou de "panaca" o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda).
"O MST tem de sair dos arroubos do momento", disse Genoino.
"Uma declaração infeliz como essa desqualifica o debate. Para o PT é inaceitável essa forma de desqualificação de seus ministros. O PT não aceita isso", concluiu.
Anteontem, no Rio, Stedile chamou Palocci de "panaca" e disse que o ministro só lê o que os outros escrevem para ele. O líder criticou a política econômica do governo, a mesma, segundo ele, adotada na gestão Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
"O Stedile sabe que o Palocci se empenhou para garantir os recursos necessários para a reforma agrária. O PT respeita a autonomia do MST. Mas as críticas deveriam ser construtivas, e não por meio de palavrórios. O Stedile precisa se conter", disse Genoino.
Neste ano, Stedile foi protagonista de frases de efeito contra a administração de Luiz Inácio Lula da Silva. Primeiro disse que iria "infernizar" o governo invadindo terras, o que ocorreu no chamado "abril vermelho". Depois afirmou que os ministros deveriam "trabalhar mais e telefonar menos".
"Não é a primeira vez que ele [Stedile] faz esse tipo de declaração. Não é ele que precisa dar ordem aos ministros para trabalhar. Vou dizer isso diretamente a ele", afirmou Genoino, que tenta agendar para as próximas semanas reunião da direção do partido com os líderes do movimento. "Não vamos discutir trégua, e sim as relações do MST com o PT e o governo federal."
Entre janeiro e junho, o governo federal assentou 22 mil famílias, ou seja, 46% da meta de 47 mil. Até o final do ano, a meta é assentar 115 mil famílias. No ano passado, prometeu assentar 60 mil famílias, mas apenas 36 mil foram beneficiadas. Cerca de 200 mil famílias de sem-terra estão acampadas atualmente no país.
"O governo vai cumprir as metas de reforma agrária. Já existe dinheiro para isso. Há alguns problemas, sim, como a burocracia do Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária], por causa de sua estrutura, e a questão do Judiciário, que muitas vezes trava as etapas da reforma agrária", afirmou Genoino.


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