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CAMPO MINADO
Líder sem terra chamou Palocci de "panaca" e criticou política econômica
Discurso de Stedile é infeliz, diz Genoino
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente nacional do PT, José Genoino, rotulou ontem de
"infeliz" a declaração feita anteontem pelo coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)
João Pedro Stedile, na qual chamou de "panaca" o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda).
"O MST tem de sair dos arroubos do momento", disse Genoino.
"Uma declaração infeliz como
essa desqualifica o debate. Para o
PT é inaceitável essa forma de
desqualificação de seus ministros.
O PT não aceita isso", concluiu.
Anteontem, no Rio, Stedile chamou Palocci de "panaca" e disse
que o ministro só lê o que os outros escrevem para ele. O líder criticou a política econômica do governo, a mesma, segundo ele,
adotada na gestão Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
"O Stedile sabe que o Palocci se
empenhou para garantir os recursos necessários para a reforma
agrária. O PT respeita a autonomia do MST. Mas as críticas deveriam ser construtivas, e não por
meio de palavrórios. O Stedile
precisa se conter", disse Genoino.
Neste ano, Stedile foi protagonista de frases de efeito contra a
administração de Luiz Inácio Lula
da Silva. Primeiro disse que iria
"infernizar" o governo invadindo
terras, o que ocorreu no chamado
"abril vermelho". Depois afirmou
que os ministros deveriam "trabalhar mais e telefonar menos".
"Não é a primeira vez que ele
[Stedile] faz esse tipo de declaração. Não é ele que precisa dar ordem aos ministros para trabalhar.
Vou dizer isso diretamente a ele",
afirmou Genoino, que tenta agendar para as próximas semanas
reunião da direção do partido
com os líderes do movimento.
"Não vamos discutir trégua, e sim
as relações do MST com o PT e o
governo federal."
Entre janeiro e junho, o governo
federal assentou 22 mil famílias,
ou seja, 46% da meta de 47 mil.
Até o final do ano, a meta é assentar 115 mil famílias. No ano passado, prometeu assentar 60 mil famílias, mas apenas 36 mil foram
beneficiadas. Cerca de 200 mil famílias de sem-terra estão acampadas atualmente no país.
"O governo vai cumprir as metas de reforma agrária. Já existe
dinheiro para isso. Há alguns problemas, sim, como a burocracia
do Incra [Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária],
por causa de sua estrutura, e a
questão do Judiciário, que muitas
vezes trava as etapas da reforma
agrária", afirmou Genoino.
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