São Paulo, quarta-feira, 06 de julho de 2005

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PAINEL

Elo perdido 1
As relações da Casa Civil com o BMG vão chegar à CPI dos Bingos via Waldomiro Diniz. Registros indicam que o ex-assessor de José Dirceu negociou com parlamentares pontos da MP do crédito consignado, altamente benéfica ao banco.

Elo perdido 2
Documentos sigilosos também mostram encontros, ocorridos entre fevereiro e setembro de 2003, de Waldomiro com pessoas que seriam emissárias do banco mineiro, responsável pelo empréstimo ao PT avalizado por Marcos Valério.

Degrau acima
Em privado, a cúpula do governo reconhece que a revelação do empréstimo BMG-Marcos Valério-PT, acrescida das andanças de diretores do banco pela Casa Civil, fez com que a cassação de José Dirceu subisse de possível para provável.

Sorte grande
Do deputado Dirceu, em momento de descontração durante reunião, anteontem, da bancada do PT: "Como faz para jogar na Megasena?. Resposta do líder Paulo Rocha: "Para fazer um bolão com todos aqui, vamos precisar de uns R$ 1.500".

Efeito dominó
O destino de José Genoino ainda é sujeito a debate, mas Marcelo Sereno, o terceiro representante da "turma do Zé" na cúpula petista, deverá seguir os passos de Silvio Pereira e Delúbio Soares e pedir o boné no sábado.

Fiscais na berlinda
O Coaf, órgão da Fazenda que faz o controle de operações financeiras suspeitas, está na mira da oposição e deve ter sua atuação questionada na CPI, dos Correios ou do Mensalão .

Dormiu no ponto
"Cabe ao Coaf ser sentinela das movimentações. No caso de Marcos Valério, só agiu depois de o escândalo vir à tona", diz o líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA).

Deixa que eu chuto
Atração maior ontem em Brasília, a nota em que José Borba assume suas tratativas com PT e Marcos Valério poderá ter conseqüência inusitada: em meio a tantos candidatos mais ilustres, o apagado líder do PMDB agora desponta como favorito para abrir a temporada de cassações.

Efeito paralisante
O potencial explosivo da nota de Borba, que afirma ter negociado nomeações com Marcos Valério, era comparado ontem ao da célebre frase de Severino Cavalcanti que, em março, implodiu a reforma ministerial.

Deixa pra lá
Do ex-presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), abdicando de comentar a nota do correligionário Borba: "Prefiro falar de Jesus Cristo, que fez cocho andar, doente sarar, mas nunca fez um burro inteligente".

Torres gêmeas
Os mais irritados com a incontinência verbal de José Borba eram o deputado Saraiva Felipe e o secretário-executivo das Comunicações, Paulo Lustosa. Estavam em pleno aquecimento para ganhar um ministério quando a explosão os atingiu.

Arrasa-quarteirão
Também o presidente do PMDB, Michel Temer, citado por Borba como beneficiário das negociações por cargos, subiu pelas paredes com a nota.

Rascunho perigoso
Os advogados de Valdemar Costa Neto orientaram o presidente do PL a suprimir três parágrafos do discurso que fez na Câmara por considerá-los "pesados". Os itens cortados pairam, agora, como mais uma das ameaças sobre o céu de Brasília.

Tucano assado
Reunida amanhã em São Paulo, a cúpula do PFL discutirá a sucessão no Estado, item para lá de delicado no relacionamento do partido com o aliado PSDB.

TIROTEIO

Do líder do PFL no Senado, José Agripino, sobre a possibilidade de o avalista do PT se recusar a falar em seu depoimento de hoje à CPI dos Correios:
-O eventual silêncio de Marcos Valério perante a nação será o sinal mais eloqüente de que ele tem culpa no cartório.

CONTRAPONTO

Sem saída

Na sexta passada, José Sarney e sua filha, Roseana, receberam um grupo de políticos para prestigiar o bumba-meu-boi fora de época em São Luís. Lá estavam o presidente do Senado, Renan Calheiros, o ministro Aldo Rebelo, o senador Edison Lobão e o deputado Rodrigo Maia.
No trajeto do hotel até o Memorial José Sarney, o ex-presidente fez as vezes de guia, destacando a beleza do centro histórico da capital maranhense.
Aldo Rebelo concordou com Sarney, mas ressalvou que o local era péssimo para passeatas.
Diante da curiosidade geral, o ministro explicou que, quando militante do movimento estudantil, coordenou certa vez uma manifestação em São Luís. A dada altura, a polícia cercou os estudantes. Com ruas tão estreitas, não havia para onde correr.
-E vocês apanharam muito?, perguntou dona Marly Sarney.
-E como!-, riu Aldo.


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