São Paulo, quarta-feira, 06 de julho de 2005

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PERFIL

Tesoureiro é amigo de Lula e Dirceu

DA REDAÇÃO

Delúbio Soares de Castro, 49, era o homem do cofre do PT desde 2000. É antigo amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ex-ministro José Dirceu e, recentemente, confirmou amizade com o publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, avalista de um empréstimo de R$ 2,4 milhões do banco BMG ao PT.
O ex-secretário de finanças do partido era quem fazia contatos com empresários e pedia dinheiro para o partido. Foi o principal artífice da arrecadação milionária (mais de R$ 48 milhões) do PT na campanha eleitoral de 2002 que levou Lula à Presidência.
Naquele ano, o então candidato Lula assinou procuração para Delúbio movimentar a conta bancária de sua campanha, o que incluía fazer depósitos, saques e assinar cheques.
A proximidade com Lula continuou durante o governo petista. O ex-tesoureiro participava de reuniões no Palácio do Planalto para articulações políticas e chegou a integrar comitiva oficial do presidente à África.
Aliado do ex-ministro José Dirceu, foi um dos coordenadores das campanhas presidenciais de Lula em 1989 e 1998.
Nasceu em Buriti Alegre (GO), onde entrou para a política nos anos de 1970, no Movimento da Anistia em Goiânia.
Professor de matemática, Delúbio seguiu a trajetória petista clássica: fez escola no sindicato. Foi um dos fundadores do PT, da CUT e do Sintego (Sindicado dos Trabalhadores em Educação no Estado de Goiás). Atuou como tesoureiro nessas duas últimas entidades.
Delúbio mora em São Paulo há 14 anos, mas recebia salário de R$ 1.020,28 da Secretaria Estadual de Educação de Goiás. Segundo o Sintego, uma portaria do governo estadual permitiu o afastamento dele para participação em campanhas políticas. A licença venceu em fevereiro último. Delúbio diz ter devolvido ao erário o equivalente aos salários de março a junho. O sindicato afirma que Delúbio freqüentava a entidade em Goiás 40 horas por semana.
No PT, integra o Diretório Nacional e o Campo Majoritário, corrente de Lula, José Genoino e Dirceu que comanda o partido.
Embora tenha perdido a única eleição na qual disputou, em 1986, para deputado federal por Goiás, Delúbio diz planejar concorrer ao governo do Estado ou a deputado no próximo ano.
Esse plano deve mudar devido às conseqüências das denúncias feitas pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que acusou o publicitário Marcos Valério de ser o operador de Delúbio na distribuição do suposto "mensalão" a deputados.
Delúbio esteve envolvido em outros episódios polêmicos. Em 2004, o então tesoureiro do PT teria pedido ao Banco do Brasil que comprasse ingressos para 70 mesas, cada uma no valor de R$ 1.000, para show de Zezé Di Camargo e Luciano. O dinheiro iria para a compra da nova sede do partido em São Paulo.
Neste ano, surgiu a informação de que a família de Delúbio -então com salário de R$ 6.000- comprou em dinheiro fazendas em Goiás.
Delúbio é casado com Mônica Valente, ex-Secretária de Administração do Município de São Paulo na gestão Marta Suplicy (2001-2004).


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