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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ NOVA FRENTE
Comissão também irá apurar denúncias de suposta compra de votos no governo FHC
Congresso aprova criação de CPI mista do Mensalão
SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Congresso Nacional criou na
noite de ontem uma CPI específica para investigar o chamado escândalo do "mensalão". A comissão mista -formada por deputados e senadores- também irá
apurar denúncias de suposta
compra de votos para aprovação
da emenda da reeleição, durante o
governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Para criar a comissão, governo e
oposição cederam. O governo
queria que a CPI do Mensalão
funcionasse somente na Câmara,
já que lá o requerimento abrangia
não só o atual suposto esquema
de "mensalão", mas também a
compra de votos para a aprovação da emenda da reeleição, em
1997, o terceiro ano da gestão tucana no governo federal.
A oposição forçava a criação da
CPI mista, mas somente com foco
no suposto "mensalão", denunciado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Segundo Jefferson, o PT pagaria R$ 30 mil a deputados do PL e do PP em troca
de apoio político.
O acordo para "unificar" os requerimentos foi costurado na
noite de ontem por líderes dos
partidos. O novo texto, que se assemelha ao requerimento apresentado pelos governistas na Câmara, foi lido em plenário pelo
primeiro-secretário da Câmara,
deputado Inocêncio Oliveira
(PMDB-PE), às 22h30.
Confusão
A sessão de criação da comissão
foi marcada por uma cena inusitada. Ciente da resistência do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), em criar a comissão direcionada ao "mensalão", o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) caminhou até a Câmara, acompanhado por líderes dos partidos no Senado, para pressionar a realização
da sessão conjunta do Congresso
no horário agendado -às 20h.
Ao chegar à Câmara, entretanto, esbarrou em uma recém-aberta sessão para tentar destravar a
pauta da Casa. Severino chegou a
tentar abrir duas sessões seguidas
num intervalo de 20 minutos para
evitar a criação da CPI.
"Não dá mais para combinar
com o presidente da Câmara para
convocar o Congresso e essa sessão não se realiza porque há sessão da Câmara convocada de última hora. Essa é a terceira vez. Nós
precisamos ter bom senso, serenidade e respeito com o país", disse
Calheiros.
Na seqüência, Calheiros voltou
ao Senado para uma reunião com
os líderes na qual foi decidida a
criação da CPI mista. O governo e
a oposição ainda não discutiram
nomes para a presidência e relatoria. "Uma vez que houve acordo
para criá-la [a CPI], acredito que
haverá acordo para a indicação da
presidência e da relatoria", disse
Renan Calheiros.
Há ainda uma indefinição sobre
a data de instalação da CPI, provavelmente para a primeira semana de agosto, devido à possibilidade de recesso do Congresso em
julho. Pela lei, o Congresso não
trabalha neste mês, desde que
aprove antes o projeto da LDO
(Lei de Diretrizes Orçamentárias), que ainda não foi votado,
mas está na pauta de hoje.
Apesar de ser específica à apuração do "mensalão" e à compra
de votos na emenda de reeleição,
a nova CPI deverá ouvir novamente depoentes que já passaram
pela CPI dos Correios, em funcionamento no Congresso, que investiga um suposto esquema de
corrupção na estatal.
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