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Jefferson diz que caixa 2 liga Celso Daniel e Dirceu
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
MARCELO SALINAS
DA REDAÇÃO
O deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), em conversa ontem com promotores que apuram
a morte do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT) relatou
uma suposta prática de caixa dois
comandada pelo PT para financiar campanhas eleitorais e disse
que o ex-ministro José Dirceu
(PT) era o "cérebro" do esquema.
Jefferson foi chamado pela Promotoria para uma "conversa informal" após ter declarado, em
entrevista a uma rádio mineira na
semana passada, existir uma relação entre o "mensalão", denunciado por ele, e a morte de Daniel.
O deputado disse não conhecer
pormenores da denúncia de corrupção na prefeitura petista de
Santo André, mas disse acreditar
que tudo faz parte de um "esquema nacional de caixa dois do PT".
"O modus operandi de arrecadação do dinheiro [em Santo André] é o mesmo que funciona nesse grupo Delúbio [Soares, ex-tesoureiro do PT] e Marcos Valério
[citados por ele no escândalo do
"mensalão']. O mesmo modus
operandi de arrecadação de dinheiro. O que há de semelhança
nisso? A maneira de arrecadar dinheiro sempre vinha via caixa
dois", afirmou o deputado.
Jefferson citou diversas vezes o
nome de Dirceu como responsável pelo suposto esquema ilegal.
"O cérebro de tudo é José Dirceu."
O ex-ministro, que se afastou da
Casa Civil, disse que é inocente e
irá se defender contra as acusações de Jefferson na Justiça .
Jefferson indicou ao Ministério
Público os nomes de pelos menos
quatro bancos que, segundo ele,
podem ter sido utilizados pelo PT
entre 1997 e 2000 -período investigado pela Promotoria.
O Ministério Público sustenta
que a morte de Daniel passa por
um esquema de corrupção instalado durante a gestão dele em
Santo André. O petista foi assassinado em janeiro de 2002. À época,
ele era o coordenador do programa de governo do então candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante a conversa de aproximadamente duas horas e meia
com os promotores, Jefferson disse que o vínculo entre a morte e o
"mensalão" está na "estrutura de
corrupção montada pelo PT para
financiar campanhas eleitorais".
Esta estrutura, continuou ele,
sustenta o partido há muitos anos
e já era conhecida entre os demais
parlamentares.
Essas informações, disse o deputado, são frutos de diversas
conversas mantidas por ele com
outros parlamentares. O deputado afirmou ainda ter participado
de reuniões com amigos de familiares de Daniel.
Ontem, após deixar o prédio da
Promotoria, Jefferson disse apenas que aproveitou o fato de estar
em São Paulo para visitar um dos
promotores, Roberto Wider Filho, que seria seu amigo.
A Folha apurou que a afirmação não é verdadeira. Apesar de
os dois terem nascido em Petrópolis (RJ), promotor e deputado
se encontraram ontem pela primeira vez.
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