São Paulo, quinta-feira, 06 de julho de 2006

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Antes do gás, siderúrgica foi o problema

DA REDAÇÃO

Os problemas do empresário Eike Batista na Bolívia começaram em 14 de abril deste ano, quando o presidente da Bolívia, Evo Morales, proibiu a siderúrgica feita pelo grupo de Batista, o EBX, de operar no país.
A siderúrgica era acusada de funcionar sem licença ambiental e de atuar na faixa de 50 km da fronteira, o que não é permitido a estrangeiros. Batista, por sua vez, afirmava ter uma licença expedida em 2004. Em sua defesa, se dizia perseguido por ter se associado a uma família adversária de Morales.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou reverter a decisão boliviana. O Itamaraty enviou ao país seu secretário-geral, o embaixador Samuel Guimarães, para conversar com membros do governo boliviano. O objetivo era obter uma solução negociada. Não conseguiu.
A expulsão de Batista, contudo, esconde uma luta pela jazida de minério de ferro de Mutún, estimada em ao menos US$ 40 bilhões. Morales cancelou a licitação, preparada pela gestão anterior, sob a alegação de que a empresa de Batista e o banco francês BNP Paribas manipularam o processo para obter a vitória.
Para o governo Morales, a siderúrgica que a EBX construía em Puerto Quijarro, a 15 km de Corumbá (MS), era só a ponta-de-lança para que Batista vencesse a licitação de exploração da reserva.
O grupo EBX deixou a Bolívia no dia 25 de abril e arcou com um prejuízo de, ao menos, US$ 20 milhões, segundo Batista.

Nacionalização do gás
Quando Morales nacionalizou as reservas de gás e petróleo da Bolívia, em 1º de maio deste ano, o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, declarou que o governo brasileiro "foi pego de surpresa" e que as informações que vinham do país vizinho eram "desencontradas".
A nacionalização foi promessa de campanha do presidente Morales. Na ocasião do decreto, ele enfrentava protestos e via sua popularidade cair.
Uma das empresas mais prejudicadas pela nacionalização foi a Petrobras, com duas refinarias na Bolívia e investimentos de cerca de US$ 1,5 bilhão realizados país nos últimos dez anos. Além disso, Morales anunciou a nacionalização na sede da empresa, que foi invadida com tropas do Exército.
A primeira reação ao ato de Morales partiu do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, que condenou o ato. Gabrielli afirmou que "o governo da Bolívia tomou medidas unilaterais, de forma não amistosa, que nos obrigam a reagir".
O governo, contudo, adotou a conciliação. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse compreender o gesto de Morales, já que o Brasil já tinha feito o mesmo no passado. Só endureceu quando Morales declarou que a Petrobras agia de forma "ilegal" na Bolívia, no dia 11 de maio. Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores, disse até mesmo que pretendia retirar o embaixador brasileiro de La Paz, o que não ocorreu.


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