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Antes do gás, siderúrgica foi o problema
DA REDAÇÃO
Os problemas do empresário Eike Batista na Bolívia
começaram em 14 de abril
deste ano, quando o presidente da Bolívia, Evo Morales, proibiu a siderúrgica feita pelo grupo de Batista, o
EBX, de operar no país.
A siderúrgica era acusada
de funcionar sem licença
ambiental e de atuar na faixa
de 50 km da fronteira, o que
não é permitido a estrangeiros. Batista, por sua vez, afirmava ter uma licença expedida em 2004. Em sua defesa,
se dizia perseguido por ter se
associado a uma família adversária de Morales.
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva tentou reverter
a decisão boliviana. O Itamaraty enviou ao país seu secretário-geral, o embaixador Samuel Guimarães, para conversar com membros do governo boliviano. O objetivo
era obter uma solução negociada. Não conseguiu.
A expulsão de Batista, contudo, esconde uma luta pela
jazida de minério de ferro de
Mutún, estimada em ao menos US$ 40 bilhões. Morales
cancelou a licitação, preparada pela gestão anterior, sob
a alegação de que a empresa
de Batista e o banco francês
BNP Paribas manipularam o
processo para obter a vitória.
Para o governo Morales, a
siderúrgica que a EBX construía em Puerto Quijarro, a
15 km de Corumbá (MS), era
só a ponta-de-lança para que
Batista vencesse a licitação
de exploração da reserva.
O grupo EBX deixou a Bolívia no dia 25 de abril e arcou
com um prejuízo de, ao menos, US$ 20 milhões, segundo Batista.
Nacionalização do gás
Quando Morales nacionalizou as reservas de gás e petróleo da Bolívia, em 1º de
maio deste ano, o assessor
internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia,
declarou que o governo brasileiro "foi pego de surpresa"
e que as informações que vinham do país vizinho eram
"desencontradas".
A nacionalização foi promessa de campanha do presidente Morales. Na ocasião
do decreto, ele enfrentava
protestos e via sua popularidade cair.
Uma das empresas mais
prejudicadas pela nacionalização foi a Petrobras, com
duas refinarias na Bolívia e
investimentos de cerca de
US$ 1,5 bilhão realizados
país nos últimos dez anos.
Além disso, Morales anunciou a nacionalização na sede
da empresa, que foi invadida
com tropas do Exército.
A primeira reação ao ato
de Morales partiu do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, que condenou o
ato. Gabrielli afirmou que "o
governo da Bolívia tomou
medidas unilaterais, de forma não amistosa, que nos
obrigam a reagir".
O governo, contudo, adotou a conciliação. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse compreender o gesto
de Morales, já que o Brasil já
tinha feito o mesmo no passado. Só endureceu quando
Morales declarou que a Petrobras agia de forma "ilegal"
na Bolívia, no dia 11 de maio.
Celso Amorim, ministro das
Relações Exteriores, disse
até mesmo que pretendia retirar o embaixador brasileiro
de La Paz, o que não ocorreu.
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