São Paulo, quinta-feira, 06 de julho de 2006

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Empresas se contradizem sobre uso de jatinho

GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A empresa Global Táxi Aéreo, de São Paulo, e a MMX Mineração e Metálicos S/A, do empresário Eike Batista, entraram em contradição ontem, ao explicar a responsabilidade pelo jatinho usado para levar a La Paz, na Bolívia, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
Segundo a siderúrgica EBX, controladora da MMX, o Cessna Citation 7 que transportou o ex-ministro "estava arrendado para uma empresa de táxi aéreo". Segundo a Folha apurou, a empresa citada seria a Global.
Segundo a EBX, o avião estava "a serviço de terceiros" durante a viagem de Dirceu. Eike Batista, afirma a empresa, não estava no vôo para La Paz.
O diretor da Global, o comandante Sérgio Stenberg, disse que todas as operações de vôo são de responsabilidade da MMX, e sua empresa apenas presta "assessoria e consultoria". O serviço inclui organização de contabilidade e treinamento de pessoal.
"A gente administra a aeronave para ele. Faz isso como um apoio logístico, tanto que tenho um contrato com ele pelo qual é proibido efetuar vôo comercial", disse o comandante. Ele não soube dizer quem teria comandado o vôo de abril último e nem quem seriam os passageiros. "Tenho a relação dos passageiros do serviço de táxi aéreo, mas não os da aeronave da MMX."
"Não fizemos nenhum vôo comercial com esta aeronave, não faz táxi aéreo. É de uso exclusivo do proprietário, isto é até contratual", disse o diretor da Global. Informado de que a EBX havia dito que o avião estava arrendado, o comandante afirmou: "A informação é totalmente inverídica".
A Folha apurou que o jatinho pertenceu ao banco Bradesco até outubro de 2004 - foi vendido em licitação pública e quitado em 2005. De acordo com os registros do DAC (Departamento de Aviação Civil), o avião foi formalmente transferido para o nome da MMX Siderurgia no último dia 12 de abril, 11 dias antes da viagem para La Paz.
O avião está baseado no aeroporto de Congonhas (SP). A EBX, sediada no Rio de Janeiro, tem atividades e escritórios de representação na Colômbia, no Equador, Peru, Chile e Uruguai e nos Estados do Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amapá, Pará, Ceará, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio Grande do Sul.
A MMX iniciou em dezembro de 2005 a produção de minério de ferro em Corumbá (MS), na fronteira entre Brasil e Bolívia. A empresa deve iniciar unidades de produção em Minas Gerais e no Amapá.


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