São Paulo, sexta-feira, 06 de julho de 2007

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Conselho recorre à PF e decide ampliar perícia sobre Renan

Relatores de processo decidiram fazer varredura em patrimônio de presidente da Casa

Peritos dizem precisar de documentos de 2004 para aprofundar investigação, mas peemedebista não tem a obrigação de entregá-los

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal pediu ontem aos relatores do processo contra Renan Calheiros (PMDB-AL) no Conselho de Ética que pressionem o presidente do Senado a apresentar notas fiscais e comprovantes de suas transações com gado referentes ao ano de 2004.
A avaliação feita pelos peritos da PF em reunião com os senadores é que, sem os documentos referentes àquele ano, a contabilidade apresentada por Renan para comprovar que recebeu R$ 1,9 milhão com venda de gado não fecha.
Além da perícia, o conselho fará o cruzamento da evolução patrimonial de Renan (2002 a 2006) com emendas para obras da empreiteira Mendes Júnior.
O conselho apura se ele teve despesas pagas pela construtora. A análise será feita por técnicos do Senado. Em quatro anos, Renan teve crescimento patrimonial de 73% -pulou de um patrimônio de R$ 984 mil em 2002 para R$ 1,7 milhão em 2006. Nos bastidores, avalia-se que Renan mostrará os documentos requisitados para evitar um "atestado de culpa". Os aliados contam com o recesso de 16 a 29 de julho para postergar o caso.
Ontem, dois relatores do caso, os senadores Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS), e o presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), se reuniram com o diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, e com os três peritos que irão elaborar nova perícia nos papéis enviados por Renan. O terceiro relator do caso, Almeida Lima (PMDB-SE), aliado de Renan, não compareceu -disse estar com problemas de saúde.
No encontro, os técnicos da PF pediram prazo de 20 dias, contados a partir do dia que receberem os documentos, para concluir a perícia. No entanto, afirmaram aos senadores que faltam notas fiscais e GTAs (uma autorização para o transporte de gado) no calhamaço de papéis entregues por Renan ao Conselho de Ética. Outro pedido da PF é para que tenha acesso aos originais.
Os relatores vão pedir na segunda-feira que Renan encaminhe os documentos citados pela PF. Na prática, entretanto, ele não é obrigado a cumprir porque, como não há inquérito aberto, a atuação da PF é limitada a examinar aquilo que ele mostrar. "Dependemos da boa vontade do senador Renan", disse Marisa Serrano.
A avaliação dos relatores é que o trâmite todo do caso deve durar cerca de 45 dias. Os pedidos do Conselho de Ética, inclusive a formalização para que a PF inicie nova perícia, necessitam do aval da Mesa Diretora.
A Folha analisou, há 15 dias, recibos, comprovantes de depósitos e cópias de cheques entregues pelo presidente do Senado. Os documentos são insuficientes para comprovar que ele recebeu R$ 1,9 milhão com venda de gado. Os valores declarados foram cruzados com os extratos da conta no Banco do Brasil do senador. A diferença é de ao menos de R$ 100 mil referente ao ano de 2004.
Na ocasião, o contador de Renan, José Appel, disse que os documentos de 2004 existiam, mas não foram levados em conta porque eram anteriores ao período que Renan teria pago pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha.
(SILVIO NAVARRO, FERNANDO RODRIGUES E FERNANDA KRAKOVICS)


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