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Conselho recorre à PF e decide ampliar perícia sobre Renan
Relatores de processo decidiram fazer varredura em patrimônio de presidente da Casa
Peritos dizem precisar de documentos de 2004 para aprofundar investigação, mas peemedebista não tem a obrigação de entregá-los
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal pediu ontem aos relatores do processo
contra Renan Calheiros
(PMDB-AL) no Conselho de
Ética que pressionem o presidente do Senado a apresentar
notas fiscais e comprovantes de
suas transações com gado referentes ao ano de 2004.
A avaliação feita pelos peritos da PF em reunião com os
senadores é que, sem os documentos referentes àquele ano,
a contabilidade apresentada
por Renan para comprovar que
recebeu R$ 1,9 milhão com venda de gado não fecha.
Além da perícia, o conselho
fará o cruzamento da evolução
patrimonial de Renan (2002 a
2006) com emendas para obras
da empreiteira Mendes Júnior.
O conselho apura se ele teve
despesas pagas pela construtora. A análise será feita por técnicos do Senado. Em quatro
anos, Renan teve crescimento
patrimonial de 73% -pulou de
um patrimônio de R$ 984 mil
em 2002 para R$ 1,7 milhão em
2006. Nos bastidores, avalia-se
que Renan mostrará os documentos requisitados para evitar um "atestado de culpa". Os
aliados contam com o recesso
de 16 a 29 de julho para postergar o caso.
Ontem, dois relatores do caso, os senadores Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS), e o presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO),
se reuniram com o diretor da
Polícia Federal, Paulo Lacerda,
e com os três peritos que irão
elaborar nova perícia nos papéis enviados por Renan. O terceiro relator do caso, Almeida
Lima (PMDB-SE), aliado de
Renan, não compareceu -disse
estar com problemas de saúde.
No encontro, os técnicos da
PF pediram prazo de 20 dias,
contados a partir do dia que receberem os documentos, para
concluir a perícia. No entanto,
afirmaram aos senadores que
faltam notas fiscais e GTAs
(uma autorização para o transporte de gado) no calhamaço de
papéis entregues por Renan ao
Conselho de Ética. Outro pedido da PF é para que tenha acesso aos originais.
Os relatores vão pedir na segunda-feira que Renan encaminhe os documentos citados
pela PF. Na prática, entretanto,
ele não é obrigado a cumprir
porque, como não há inquérito
aberto, a atuação da PF é limitada a examinar aquilo que ele
mostrar. "Dependemos da boa
vontade do senador Renan",
disse Marisa Serrano.
A avaliação dos relatores é
que o trâmite todo do caso deve
durar cerca de 45 dias. Os pedidos do Conselho de Ética, inclusive a formalização para que
a PF inicie nova perícia, necessitam do aval da Mesa Diretora.
A Folha analisou, há 15 dias,
recibos, comprovantes de depósitos e cópias de cheques entregues pelo presidente do Senado. Os documentos são insuficientes para comprovar que
ele recebeu R$ 1,9 milhão com
venda de gado. Os valores declarados foram cruzados com
os extratos da conta no Banco
do Brasil do senador. A diferença é de ao menos de R$ 100 mil
referente ao ano de 2004.
Na ocasião, o contador de
Renan, José Appel, disse que os
documentos de 2004 existiam,
mas não foram levados em conta porque eram anteriores ao
período que Renan teria pago
pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha.
(SILVIO NAVARRO, FERNANDO RODRIGUES E FERNANDA KRAKOVICS)
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