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São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2003

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REFORMA SOB PRESSÃO

Funcionários públicos tentam invadir prédio da Câmara, mas são impedidos por megaesquema de segurança

PMs e servidores entram em confronto

Iano Andrade - Associated Press
Servidores em greve são impedidos pela polícia de invadir o prédio da Câmara dos Deputados,...
 
Alan Marques/Folha Imagem
...que teve o portão do anexo IV trancado com cadeado ontem


IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os servidores públicos que protestam contra a reforma da Previdência tentaram invadir o prédio da Câmara envolveram-se em confronto com policiais militares, promoveram um apitaço e tentaram agredir o deputado Professor Luizinho (PT-SP) ontem.
A movimentação de servidores em greve e representantes da CUT (Central Única dos Trabalhadores) começou pela manhã quando eles interromperam uma reunião com o relator do projeto, deputado José Pimentel (PT-CE). Ele apresentou as mudanças feitas no parecer pelo colégio de líderes, mas os grevistas disseram não se sentiram atendidos e desistiram da conversa.
A Câmara amanheceu cercada por cerca de mil policiais militares e grades de metal, para evitar o acesso de servidores. Na entrada principal, policiais e seguranças do Congresso fizeram uma barreira a cerca de 20 m da porta para uma triagem dos carros. Aos manifestantes não era permitida a entrada. "O Partido dos Trabalhadores está sendo muito bom patrão, mas dentro de uma ótica capitalista", afirmou Janira Rocha, da Fenasps (servidores da Previdência Social).
Por volta das 13h, depois da reunião com Pimentel, um grupo de cerca de 200 pessoas, segundo a Polícia Militar, e 500 manifestantes, segundo os organizadores, derrubou os alambrados que protegiam a entrada do anexo 2 da Câmara. Soldados da PM entraram em confronto com os servidores para impedir a quebra de uma porta de vidro, que estava lacrada com corrente e cadeado.
O servidor Silverio Barreto Filho, do sindicato de fiscais da Previdência do Rio, queimou uma bandeira do PT durante o protesto. Após o ato, Filho apresentou sua carteira de filiado ao partido.
Organizado pelo Sindilegis (servidores do Legislativo), um apitaço de uma hora fechou um corredor para protestar contra o veto à entrada dos servidores nas galerias do plenário.
O deputado Professor Luizinho (PT-SP), um dos principais articuladores do governo na Câmara, foi cercado pelos servidores.
Houve empurra-empurra e a segurança agrediu os manifestantes que tentavam se aproximar. Ao ser conduzido para outro prédio, o deputado ouviu gritos de "traidor", "professor de araque" e "safado". "Ao usarem o crachá para se manifestar e impedir os deputados de trabalhar, os funcionários ferem o código do funcionalismo", disse o deputado.
No fim da tarde, o Sindilegis divulgou nota criticando o corte no ponto dos manifestantes determinado pelo presidente da Câmara, deputado João Cunha (PT-SP). Opositor do governo, o deputado Pauderney Avelino (PFL-CE) foi aplaudido no apitaço.
O deputado João Fontes (SE), da ala radical disse aos manifestantes que havia levado a João Paulo, uma liminar garantindo o acesso às galerias, mas ele havia se recusado a cumpri-la.
A Folha apurou que Fontes foi recebido no gabinete de João Paulo, que alegou riscos na segurança para impedir o acesso à galeria. Fontes argumentou que era uma ordem judicial. "Então manda me prender", respondeu o presidente da Câmara, acrescentando: "Só não amasso o papel e jogo no lixo por respeito". Os manifestantes organizaram para hoje uma marcha com cerca de 30 mil pessoas. A Presidência e a Câmara solicitaram reforço no policiamento nos prédios públicos.

Colaboraram OTÁVIO CABRAL, do Painel, e JULIA DUAILIBI, enviada especial a Brasília


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