UOL

São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

REFORMA SOB PRESSÃO

Paralisação congestiona aduanas no Sul; no Nordeste, 120 mil universitários estão sem aulas

Greve ganha força e já afeta exportações

DA AGÊNCIA FOLHA

A greve do funcionalismo público federal contra a reforma da Previdência ganhou força nos últimos dias, devido à expectativa de votação do relatório no plenário da Câmara dos Deputados.
Parados desde o dia 8 de julho, funcionários da Receita Federal, do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e das universidades federais intensificaram suas ações e seus preparativos para o envio de representações para a marcha dos servidores, a ser realizada hoje em Brasília. Mas ainda não há uma estimativa segura do número de servidores parados.
Em alguns casos, a paralisação do funcionalismo já causa prejuízos. Um cálculo informal divulgado pela Fiesc (Federação da Indústria do Estado de Santa Catarina) aponta uma queda na média diária das exportações brasileiras superior a 10% -queda atribuída à paralisação da Receita.
A Fiergs (Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul) criticou a paralisação dos auditores fiscais. Segundo a federação, a greve dos servidores está prejudicando o embarque e o desembarque de mercadorias.
"Não podemos quantificar o que deixamos de exportar ou importar com a operação padrão, mas, sem dúvida nenhuma, prejudica", avaliou Ivan Ramalho, secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
A greve do funcionalismo federal no Rio Grande do Sul causou alguns problemas nas fronteiras com a Argentina e o Uruguai.
Em Uruguaiana (fronteira com a Argentina), 80 caminhões ficaram paralisados ontem à tarde. Em Jaguarão (fronteira com o Uruguai), o número de caminhões parados alcançou 400.
No Porto de Rio Grande, 18 navios tiveram de aguardar para chegar ao cais. No Estado, os servidores previdenciários, da Justiça do Trabalho, Eleitoral e Federal, funcionários das universidades federais, auditores e fiscais da Secretaria da Fazenda paralisaram as suas atividades. No dia 8 de julho, apenas os servidores do INSS haviam parado.

Previdência
Em Belo Horizonte (MG), cerca de 6.700 pedidos de benefícios deixaram de ser requeridos. As sete agências do INSS na capital mineira, que atendem em média a 318 pedidos por dia, pararam.
Das 160 agências de atendimento ao público no Estado, 35 estão fechadas e 26 funcionam parcialmente. No dia 8 de julho, os servidores do INSS haviam somente realizado protestos. No dia 29, a categoria aprovou paralisação de uma semana, a partir de ontem.
A Polícia Federal de Alagoas iniciou ontem paralisação por tempo indeterminado. O Sindicato dos Policiais Federais no Estado anunciou que a greve teve "quase" 100% de adesão.
No Nordeste, cerca de 120 mil alunos das universidades federais estão sem aulas, devido às greves de professores e funcionários.
Os sindicatos do funcionalismo público federal esperam reunir hoje em Brasília 60 mil pessoas para a marcha contra a reforma.
As quatros agências do INSS em Campo Grande pararam. Cerca de 16 mil pessoas já deixaram de ser atendidas desde 8 de julho.
A Receita Federal está obrigada a liberar em até cinco dias as cargas retidas no porto de Vitória (ES). A medida é resultado de liminar obtida pelo Sindiex (Sindicato do Comércio de Importação e Exportação do Espírito Santo), que representa 160 empresas.
No porto de Santos (SP), o maior do país, 2.400 contêineres estão retidos, devido à greve.
Em Santa Catarina, a Fiesc entrou na Justiça com um pedido semelhante para a continuidade das atividades no porto de Itajaí.


Texto Anterior: Dirceu se reúne com líder do PFL, e Lula assume risco com Judiciário
Próximo Texto: PMs e servidores entram em confronto
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.