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São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2003

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Jarbas diz que tensão no campo lembra 64

DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), disse ontem, ao se referir às invasões de propriedades privadas, que já "viu esse filme em 1964" (deposição do presidente João Goulart e tomada do poder pelos militares).
"Nós não vamos resolver a questão agrária pela violência. Esse filme, por exemplo, e eu tenho tenho dez anos a mais que o Alckmin [governador de São Paulo], eu já vi em 1964, e deu no que deu", afirmou Vasconcelos, após encontro com Geraldo Alckmin (PSDB), no Palácio dos Bandeirantes, na capital paulista.
Pernambuco, assim como São Paulo, é um dos Estados da Federação que mais enfrentam problemas por conta das invasões de terras pelo MST.
Questionado sobre se a referência a 1964 tinha alguma ligação com a possibilidade de um golpe no país, o governador pernambucano afirmou que não, mas advertiu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa impor limites claros ao MST.
"A tensão social criada no início dos anos 60 contribuiu para o golpe militar de 1964. Culpa-se muito o presidente da República naquele momento [Goulart] por não ter sido determinante. Não é o caso, o presidente Lula está com pouco mais de seis meses de governo. Nessa questão, em que existia tensão social e aumentou agora, é preciso apenas que o governo possa resolver isso com limites."
Jarbas Vasconcelos apoiou José Serra (PSDB) na disputa com Lula pela Presidência. O governador de Pernambuco afirmou que tentou conversar com o presidente sobre a questão das invasões de terra em seu Estado, mas insinuou ter sido preterido pelo MST.
"No dia em que eu ia conversar com o Lula e levar uns jornais para ele, ele recebeu o MST. Eu fiquei nessa expectativa", disse.
Segundo Alckmin, as invasões foram um dos temas do encontro de ontem, que também tratou das reformas da Previdência e tributária. "O presidente Lula disse que irá me ligar para discutirmos os problemas na área social. Vamos buscar uma solução conjunta, entre Estado e governo federal", disse. (JOSÉ ALBERTO BOMBIG)

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