São Paulo, sexta-feira, 06 de agosto de 2004

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Presidente da ABI se diz contra criação de órgão

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), Maurício Azêdo, afirmou ontem temer que a criação do CFJ (Conselho Federal de Jornalismo) represente "uma violação da ordem democrática definida pela Constituição Federal".
"Vamos examinar a questão muito atentos ao teor punitivo", disse ele, que levará a projeto de lei para ser analisado pelos diretores da ABI.
Para Azêdo, o governo se equivoca porque trata os jornalistas como profissionais liberais: "Conselhos federais são feitos para fiscalizar profissionais liberais. Não é o caso dos jornalistas, que, a meu ver, continuam sendo assalariados".
O vice-presidente da ABI, Milton Temer, também reprova a criação do CFJ. Para ele, a fiscalização do exercício do jornalismo já é feita pelas comissões de ética da ABI, da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) e dos sindicatos. "Isso é uma burocratização que não tem que existir", afirmou.
A Fenaj defende o CFJ argumentando que a fiscalização do exercício do jornalismo não é feita de maneira satisfatória pelo Ministério do Trabalho. Em abril, representantes da federação se reuniram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e cobraram que o projeto, então recém-elaborado, fosse logo enviado ao Congresso Nacional.
O presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo, Tales Castelo Branco, afirmou que é favorável à criação do CFJ desde que ele cuide da ética no jornalismo e seja um órgão independente.
"Como o conselho vai ter poderes de sancionar jornalistas, é preciso concentrar absoluta independência. Para ser independente, precisa ser comandado exclusivamente por jornalistas, sem vinculação com nenhum órgão do governo, como o Ministério do Trabalho", afirmou.
(RICARDO WESTIN E FREDERICO VASCONCELOS)


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