São Paulo, domingo, 06 de agosto de 2006

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Painel

Renata Lo Prete painel@uol.com.br

Última que morre

A propaganda de Lula no horário gratuito de televisão e rádio, a partir do dia 15, vai começar por onde a de 2002 terminou. Sem prejuízo das diferenças de estilo entre Duda Mendonça e João Santana, a idéia-chave será a mesma: esperança. "O mote da esperança é a cara do Lula. Não vamos abrir mão dele", afirma o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini.
Nos primeiros dias, será dito que Lula fez um "pacto com o Brasil" quatro anos atrás. Lá estarão referências à "Carta ao Povo Brasileiro" e ao programa de governo, além de uma estatística: na conta dos petistas, o presidente cumpriu ou encaminhou 95% de tudo o que prometeu. Daí se partirá para a defesa da "necessidade de continuar" o que foi iniciado.

Próxima etapa. A aposta geral entre os petistas é que, se Lula vencer a eleição e Aloizio Mercadante não, o senador lutará com unhas e dentes para virar ministro da Fazenda no segundo mandato.

Sem-muro. Só dá Paulo Souto (governo) e Rodolpho Tourinho (Senado) na propaganda de rua do PFL na Bahia. De Alckmin, nem sinal.

Santo de casa. Chico Alencar (RJ) virou marqueteiro informal do PSOL. "Sou o Duda Mendonça dos pobres", diz o deputado, responsável por slogans que o partido exibirá no horário gratuito.

Longo prazo. Um espectador atento analisou as aparições de Cristovam Buarque (PDT) no "Jornal Nacional", quase todas em Brasília ou em cidades-satélite, e concluiu: o senador, candidato a presidente, na verdade faz campanha para tentar retornar ao governo do DF em 2010.

Pechincha. Mensaleiro e sanguessuga, Pedro Henry (PP-MT) afirmou à Justiça Eleitoral ser proprietário de um avião, ao preço declarado de R$ 25 mil. Para efeito comparativo, um relógio Rolex listado entre os bens do deputado valeria R$ 21 mil.

Franciscano. Já José Borba (PMDB-PR), que renunciou para não ser cassado e agora briga na Justiça para ser candidato, declarou ter apenas um terreno e um carro ano 1991, no valor de R$ 8 mil.

Peneira. O ministro Márcio Thomaz Bastos acertou com o governador Cláudio Lembo a realização de um "mutirão jurídico" para identificar detentos que já poderiam estar fora do sobrecarregado sistema prisional de São Paulo. A iniciativa envolve Executivo, Judiciário e Ministério Público.

Indiciar ou não? Os dilemas do senador Amir Lando (PMDB) sobre como tratar alguns parlamentares acusados de participação na quadrilha sanguessuga renderam ao relator da CPI o apelido interno de "Hamlet de Rondônia".

Alerta. Em despacho sigiloso no início da investigação da máfia das ambulâncias, o juiz federal de Mato Grosso Jeferson Schneider relatou a existência de indícios de que os Vedoin haviam tentado subornar familiares de um ministro do Supremo.

Camarada. Em privado, parlamentares da CPI dizem acreditar que o ministro Gilmar Mendes, do STF, decretou segredo de Justiça no processo para preservar o ex-colega Nelson Jobim, cujo filho é citado em depoimentos de membros da quadrilha.

Baixas. Os prefeitos de Mucambo e Araripe, municípios cearenses administrados pelo PT, retiraram o apoio que davam à candidatura a deputado federal de José Airton Cirilo, acusado pelos Vedoin de operar o esquema sanguessuga no Ministério da Saúde.

X-rated. Quem ouviu os grampos da Operação Dominó, que levou a Polícia Federal a prender várias autoridades de Rondônia por desvio de dinheiro público, saiu de queixo caído com o detalhamento e a crueza dos diálogos. Sanguessuga perde.

Tiroteio

Que exemplo Alckmin quer dar ao país com esse recorde negativo numa área tão essencial como a educação? O mito da "eficiência de gestão" está sendo desconstruído pela realidade.


Do deputado estadual CARLOS NEDER (PT-SP) sobre o número de aprovados no ensino médio de São Paulo no ano passado, que atingiu a taxa mais baixa desde 1997, segundo o Tribunal de Contas do Estado.

Contraponto

Abastecido

O analista orçamentário Wilber Correa da Silva fez vários trabalhos para Darci e Luiz Antonio Vedoin. Por um deles -o exame do Orçamento de 2005- recebeu somente metade do que havia combinado com os donos da Planam. Ficou meses procurando pai e filho, sem sucesso.
Um dia, por acaso, viu o carro da dupla em frente à Câmara e saiu em seu encalço. Circulando pelos corredores, conseguiu achar Luiz Antonio e apressou-se em cobrá-lo. O chefe da quadrilha sanguessuga, porém, disse que estava sem dinheiro. Conhecedor da tática dos Vedoin de esconder as notas sob as roupas, Silva não se conteve:
-Mas o seu paletó está bem, não é, Luiz Antonio?


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