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ELEIÇÕES 2006/ PRESIDÊNCIA
Lula critica o Congresso e diz que sistema está apodrecido
Em Campinas, petista voltou a defender Constituinte exclusiva para a reforma política
Pela manhã, presidente fez seu primeiro comício em São Paulo, onde sugeriu que a agressividade de rivais demonstra nervosismo
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
DA ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTE
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição pelo PT, disse ontem à tarde, em encontro com prefeitos
em Campinas (SP), que a estrutura política do Brasil está
"apodrecida" e precisa mudar.
Em discurso improvisado de
30 minutos, para 83 prefeitos
de dez partidos -incluindo
dois do PSDB e dois do PFL-,
Lula voltou a defender a convocação de uma Constituinte exclusiva para a reforma política.
"Porque, se depender do Congresso, teremos arremedo, e
não reforma política."
Em seguida, Lula questionou
duas regras do atual sistema
político. "Por que um deputado
pode ser candidato a prefeito
sem perder o seu mandato e o
prefeito perde o mandato se
quiser ser deputado? Por que o
mandato de senador é de oito
anos e não quatro? São algumas
coisas que acho que nós temos
que pensar", disse.
O presidente voltou a tratar
como um fenômeno generalizado a crise política que atingiu
seu governo. "A crise política
que vivemos não é crise política
de agora. É crise política que levou Getúlio [Vargas] à morte,
que levou Juscelino [Kubitschek] a ser esculachado como
era todo santo dia, que levou
João Goulart a cair. A crise não
é de um deputado ou de um
partido político. É uma crise do
sistema político brasileiro. A
estrutura está apodrecida e nós
temos que mudá-la."
Nervosismo
Mais cedo, o presidente esteve em São Paulo, para o seu primeiro comício na cidade. No
seu discurso de meia hora, o petista afirmou que irá visitar os
Estados de seus adversários para conquistar novos eleitores.
"Quanto mais eles baterem,
mais eu vou lá na terra deles em
busca de votos. Vou para a Bahia, para Santa Catarina e para
o Amazonas", declarou. Os Estados são redutos eleitorais de
Antônio Carlos Magalhães
(PFL), Jorge Bornhausen
(PFL) e Arthur Virgílio (PSDB).
Lula prometeu não citar os
nomes dos agressores nesta
campanha, mas disse que não
levará desaforo para casa.
"Eles estão babando, xingando porque achavam que, três
meses depois de eu tomar posse, o Brasil iria acabar. Mas o
país não só não acabou como
está muito melhor", declarou o
presidente, em um discurso recheado de queixas à suposta
agressividade de seus "rivais".
"Meus adversários são mais
cultos do que eu, estudaram
mais do que eu, mas estou certo
de que governar não é só com a
cabeça, é com o coração também, e nós estamos acertando e
é por isso que eles ficam nervosos", afirmou o presidente.
Participaram do palanque de
Lula, pela manhã, a ex-prefeita
de São Paulo Marta Suplicy e os
candidatos Aloizio Mercadante
(governo), Eduardo Suplicy
(Senado), além do presidente
do PT, Ricardo Berzoini.
À noite, o presidente esteve
em Belo Horizonte. Discursou
por mais meia hora, ressaltou
sua administração e anunciou
que seu programa de governo
terá o nome de "Desenvolvimento, Distribuição de Renda e
Educação de Qualidade". "Quero pedir aos estudiosos, aos historiadores: peguem de JK até
agora, da República até agora, e
vejam se houve um governo
que se preocupasse tanto em
cuidar das pessoas pobres",
afirmou.
(LILIAN CHRISTOFOLETTI, THIAGO GUIMARÃES E FABIANE LEITE)
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