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CPI dos Grampos reage a decisão do Supremo
Deputados dizem querer acessar só decisões judiciais que autorizaram escutas e questionam "corporativismo do Judiciário"
Na ação contra a comissão,
as telefônicas disseram ter
sido encurraladas pelo
Congresso e que por isso
foram ao STF pedir "socorro"
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Integrantes da CPI dos
Grampos da Câmara reagiram
ontem contra a decisão do STF
(Supremo Tribunal Federal),
que concedeu liminar permitindo que operadoras de telefonia não enviassem à comissão
cópias das decisões judiciais de
intecerptações realizadas no
ano passado. A liminar, do ministro Cesar Peluso, está na
pauta para ser votada pelos demais ministros amanhã.
Em reunião que durou quase
três horas, integrantes da CPI
de todos os partidos classificaram a decisão do Judiciário como uma "afronta ao Legislativo" e fizeram ameaças às companhias telefônicas.
O presidente da comissão,
Marcelo Itagiba (PMDB-RJ),
se reuniu ontem com o ministro Peluso. Ele falou sobre a necessidade de a CPI obter as informações requisitadas às empresas de telefonia. Segundo o
presidente da comissão, o ministro não deu uma resposta
definitiva sobre o caso.
Em sua liminar, o relator
considerou que a entrega dos
dados poderia resultar em devassa à intimidade dos envolvidos, com risco de "dano grave".
"Ele [Peluso] nem nos ouviu
para tomar a decisão. O que ele
precisa saber é que não queremos ouvir a conversa de ninguém, só queremos ter acesso
aos mandados para verificar se
o número de 409 mil grampos
realizados no ano passado é
real e se as autorizações estão
exageradas", disse o relator,
Nelson Pellegrino (PT-BA).
"Não podemos admitir nenhum tipo de corporativismo.
Será que tem corporativismo
no Judiciário, que não quer que
a CPI tenha acesso aos eventuais abusos nesse caso?",
questionou Itagiba.
Para o deputado Domingos
Dutra (PT-MA), a decisão do
STF acirra a disputa que já existe entre Judiciário e Legislativo. Segundo ele, a liminar "representa desconfiança com os
integrantes do Legislativo".
O requerimento ordenando
às teles o envio das cópias de
decisões judiciais de interceptações de 2007 foi aprovado no
mês passado e o prazo para a
entrega do material encerrou
no início da semana.
As empresas, porém, só recorreram ao STF contra o pedido, juntas, na última sexta. Nenhuma operadora enviou dados à comissão.
Na ação, as empresas disseram ter sido encurraladas pelo
Congresso e pediram "socorro"
ao STF. Alegaram que, ao repassar à CPI cópias das decisões com os nomes de pessoas
grampeadas, poderiam ser acusadas de quebrar o sigilo que
protege as escutas.
Itagiba fez discurso ontem na
CPI lembrando que "teles" são
concessionárias e que, se elas
não atenderem ao pedido dos
"representantes do povo, haverá de ser verificado se as concessões estão em boas mãos".
O temor dos deputados é que
a CPI acabe sem receber os dados exigidos. A previsão é que
os trabalhos acabem em setembro, mas ontem os integrantes
manifestaram a intenção de
prorrogá-los por mais 120 dias.
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