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Oposição diz que discurso "técnico" a desarmou
VALDO CRUZ
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A oposição, armada para a
guerra, disse que José Sarney
(PMDB-AP) não convenceu,
mas admitiu que o discurso
"técnico" e "humilde" do presidente do Senado baixou a temperatura no plenário da Casa,
transferindo o embate para o
Conselho de Ética.
Os aliados de Sarney celebraram o tom de defesa judicial da
fala do peemedebista, destacando que a oposição arquivou
o discurso da renúncia.
Reunidos na véspera do esperado discurso de Sarney, senadores do PSDB, DEM e rebeldes do PMDB e PT combinaram uma estratégia de guerra para rebater o presidente do
Senado no plenário. Esperavam uma fala dura.
Só que o peemedebista mudou de planos. Abandonou os
rascunhos de um discurso de
enfrentamento e optou pelo
apelo à paz e por uma defesa
técnica, escrita por advogados
ligados ao ex-ministro José
Dirceu -com quem Sarney tomou café da manhã ontem.
"Estávamos armados para a
guerra. Havíamos acertado o
tom, mas ele fez um discurso
humilde, técnico, e baixou a
temperatura. Não chegou a nos
convencer, mas apresentou sua
defesa técnica, que será julgada
no Conselho de Ética", disse o
senador Tasso Jereissati
(PSDB-CE).
Líder do governo no Senado,
Romero Jucá (PMDB-RR) disse que a "oposição não quer ser
convencida", mas Sarney colocou pontos irrefutáveis de defesa. Segundo Jucá, o mais importante é que seu aliado conseguiu recuperar votos que poderiam escapar entre democratas e tucanos. Por sinal, ao final
do discurso, quando circulou
pelo plenário, foi notada a atenção que os senadores Elizeu
Resende (DEM-MG) e Eduardo Azeredo (PSDB-MG) deram
a Sarney. Os dois ligados ao governador tucano Aécio Neves.
Durante o período em que ficou no plenário, Sarney só ouviu contestações do líder do
PSDB, Arthur Virgílio (AM).
Entre os democratas, a avaliação seguiu a mesma linha
dos tucanos. "Ele fez um voo de
pássaro em sua defesa", afirmou o líder do DEM, José Agripino Maia (RN). A fala de Sarney chegou a ganhar elogios de
seu adversário Tião Viana (PT-AC). "Foi uma fala humilde,
que contribuiu para um clima
de paz", afirmou o petista, derrotado por Sarney na disputa
pelo comando da Casa.
Ao final, tucanos comentavam que pela defesa de Sarney,
tecnicamente, não há fatos que
possam levar à cassação do seu
mandato. Mas insistiam que a
questão é política e dependerá
da evolução da crise nos próximos dias e da posição de aliados
dele no Conselho de Ética.
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