São Paulo, quinta-feira, 06 de agosto de 2009

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Carta de Hillary reforça lobby da Boeing pelos caças da FAB

Em reação às investidas do francês Rafale, EUA prometem transferir tecnologia

Relatório da FAB apenas apontará prós e contras de cada modelo, sem indicar vencedor de negócio que pode chegar a R$ 4 bilhões


LETÍCIA SANDER
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Às vésperas da definição do modelo de caça a ser adquirido pelo Brasil, a Boeing articulou um forte lobby em Brasília, que incluiu o envio de uma carta da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton. Nela, o governo americano diz ter a intenção de criar uma parceria estratégica inédita com o país, que inclui transferência de tecnologia de construção dos aviões.
O americano F-18 Super Hornet, da Boeing, é um dos finalistas da concorrência aberta pelo Brasil. Disputa com o francês Rafale (da fabricante Dassault), tido como favorito, e com o sueco Gripen NG (Saab) um negócio que chegar à casa de R$ 4 bilhões.
A carta de Hillary faz promessas de transferência de tecnologia, principal objetivo do Brasil no negócio e historicamente um ponto de resistência dos norte-americanos.
Lá, esse tipo de compartilhamento de informações precisa ser aprovado pelo Executivo. O Congresso americano tem poder de fiscalização sobre o tema. A entrada no negócio de um nome de peso, Hillary Clinton, também não é à toa. Tem objetivo de contrapor a participação do presidente francês, Nicolas Sarkozy, em prol do Dassault Rafale.
Em sua defesa pública pela acordo com os franceses, o ministro Nelson Jobim (Defesa) tem dito que Sarkozy deu pessoalmente ao presidente Lula garantias de transferência de tecnologia para o Brasil.
Os americanos reagiram. A carta foi entregue ontem ao chanceler Celso Amorim por três funcionários de alto escalão do governo americano.
O lobby acontece na reta final do projeto FX-2, como é chamada a licitação. A comissão da FAB entregará nos próximos dias a Jobim o relatório final de análise das propostas.
Como revelou a Folha, o documento não irá apontar um vencedor, e sim enumerar os prós e contras de cada avião, uma saída para evitar confronto com Jobim, pró-Rafale.


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