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Carta de Hillary reforça lobby da Boeing pelos caças da FAB
Em reação às investidas do francês Rafale, EUA prometem transferir tecnologia
Relatório da FAB apenas apontará prós e contras de cada modelo, sem indicar vencedor de negócio que pode chegar a R$ 4 bilhões
LETÍCIA SANDER
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Às vésperas da definição do
modelo de caça a ser adquirido
pelo Brasil, a Boeing articulou
um forte lobby em Brasília, que
incluiu o envio de uma carta da
secretária de Estado dos EUA,
Hillary Clinton. Nela, o governo americano diz ter a intenção
de criar uma parceria estratégica inédita com o país, que inclui
transferência de tecnologia de
construção dos aviões.
O americano F-18 Super
Hornet, da Boeing, é um dos finalistas da concorrência aberta
pelo Brasil. Disputa com o francês Rafale (da fabricante Dassault), tido como favorito, e
com o sueco Gripen NG (Saab)
um negócio que chegar à casa
de R$ 4 bilhões.
A carta de Hillary faz promessas de transferência de tecnologia, principal objetivo do
Brasil no negócio e historicamente um ponto de resistência
dos norte-americanos.
Lá, esse tipo de compartilhamento de informações precisa
ser aprovado pelo Executivo. O
Congresso americano tem poder de fiscalização sobre o tema. A entrada no negócio de
um nome de peso, Hillary Clinton, também não é à toa. Tem
objetivo de contrapor a participação do presidente francês,
Nicolas Sarkozy, em prol do
Dassault Rafale.
Em sua defesa pública pela
acordo com os franceses, o ministro Nelson Jobim (Defesa)
tem dito que Sarkozy deu pessoalmente ao presidente Lula
garantias de transferência de
tecnologia para o Brasil.
Os americanos reagiram. A
carta foi entregue ontem ao
chanceler Celso Amorim por
três funcionários de alto escalão do governo americano.
O lobby acontece na reta final do projeto FX-2, como é
chamada a licitação. A comissão da FAB entregará nos próximos dias a Jobim o relatório
final de análise das propostas.
Como revelou a Folha, o documento não irá apontar um
vencedor, e sim enumerar os
prós e contras de cada avião,
uma saída para evitar confronto com Jobim, pró-Rafale.
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