São Paulo, quinta-feira, 06 de setembro de 2001

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SUCESSÃO NO ESCURO

Governador almoça na Bahia com ACM, desafeto de Serra

É hora de levar candidatura Roseana a sério, diz Tasso

ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR

O governador Tasso Jereissati (PSDB-CE) e o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) analisaram informalmente ontem, durante "almoço de amigos" em Salvador, que o fortalecimento da governadora Roseana Sarney (PFL-MA) nas pesquisas é o grande fato novo da sucessão presidencial até agora.
"Está na hora de prestar atenção na Roseana e levar a candidatura dela a sério", declarou Tasso depois à Folha. Também presidenciável, ele disse que tem conversado muito, quase todo dia, com a governadora pefelista.
"Aqui na Bahia, eu não tenho condições de apoiar o Serra [ministro José Serra, da Saúde". Todos os meus amigos sabem que eu estou de um lado e ele está de outro, com o Jutahy [o líder tucano na Câmara, Jutahy Magalhães Júnior, adversário local do pefelista"", disse ACM.
O almoço, no apartamento de ACM no bairro da Graça, foi no dia seguinte ao seu aniversário de 74 anos e o primeiro desde a renúncia ao Senado, no final de maio. Tasso foi um dos raros líderes tucanos a apoiar o ex-senador publicamente até o fim.
Já no cafezinho com biscoitos caseiros, Tasso resumiu o almoço com ACM contando que os dois passaram o tempo inteiro dizendo: "Eu não disse?", "Bem que eu avisei", "Olha no que deu".
Referiam-se à crise no Senado. ACM foi o principal adversário da candidatura do peemedebista Jader Barbalho (PA) à presidência da Casa, alegando principalmente as denúncias de corrupção que já pesavam então contra ele.
Na época,Tasso aliou-se taticamente a ACM e também trabalhou contra a candidatura de Jader. Ao contrário de Serra.
ACM disse que sentiu um "alívio enorme" com a renúncia, pois a pressão se tornou insuportável. Mas queixou-se muito ontem da diferença entre o tratamento que os senadores e a mídia lhe deram antes e o que estão dando a Jader.
"Por que ele [Jader" teve direito a depoimento secreto, no próprio gabinete? Comigo, faziam aquele circo todo", reclamou.
Tasso concordou balançando afirmativamente a cabeça e cobrando: "Cadê aqueles senadores que foram tão ferozes contra Antonio Carlos? Agora não dizem nada em relação a Jader?".
Durante o cafezinho, ACM recebeu duas ligações. Uma delas foi de Brasília, para comunicar que o presidente do Conselho de Ética, Gilberto Mestrinho (PMDB-AM), havia renunciado.
O outro telefonema foi de Fernando Barros, da empresa Propeg, avisando que ACM era, disparado, o primeiro colocado nas últimas pesquisas sobre as eleições para o governo da Bahia.
"Isso significa que eu só não vou ser candidato se não quiser", comentou. E provavelmente não vai querer mesmo, dando a vez para o senador Paulo Souto (PFL-BA).



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