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SUCESSÃO NO ESCURO
Governador almoça na Bahia com ACM, desafeto de Serra
É hora de levar candidatura
Roseana a sério, diz Tasso
ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR
O governador Tasso Jereissati
(PSDB-CE) e o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA)
analisaram informalmente ontem, durante "almoço de amigos"
em Salvador, que o fortalecimento da governadora Roseana Sarney (PFL-MA) nas pesquisas é o
grande fato novo da sucessão presidencial até agora.
"Está na hora de prestar atenção
na Roseana e levar a candidatura
dela a sério", declarou Tasso depois à Folha. Também presidenciável, ele disse que tem conversado muito, quase todo dia, com a
governadora pefelista.
"Aqui na Bahia, eu não tenho
condições de apoiar o Serra [ministro José Serra, da Saúde". Todos os meus amigos sabem que eu
estou de um lado e ele está de outro, com o Jutahy [o líder tucano
na Câmara, Jutahy Magalhães Júnior, adversário local do pefelista"", disse ACM.
O almoço, no apartamento de
ACM no bairro da Graça, foi no
dia seguinte ao seu aniversário de
74 anos e o primeiro desde a renúncia ao Senado, no final de
maio. Tasso foi um dos raros líderes tucanos a apoiar o ex-senador
publicamente até o fim.
Já no cafezinho com biscoitos
caseiros, Tasso resumiu o almoço
com ACM contando que os dois
passaram o tempo inteiro dizendo: "Eu não disse?", "Bem que eu
avisei", "Olha no que deu".
Referiam-se à crise no Senado.
ACM foi o principal adversário da
candidatura do peemedebista Jader Barbalho (PA) à presidência
da Casa, alegando principalmente
as denúncias de corrupção que já
pesavam então contra ele.
Na época,Tasso aliou-se taticamente a ACM e também trabalhou contra a candidatura de Jader. Ao contrário de Serra.
ACM disse que sentiu um "alívio enorme" com a renúncia, pois
a pressão se tornou insuportável.
Mas queixou-se muito ontem da
diferença entre o tratamento que
os senadores e a mídia lhe deram
antes e o que estão dando a Jader.
"Por que ele [Jader" teve direito
a depoimento secreto, no próprio
gabinete? Comigo, faziam aquele
circo todo", reclamou.
Tasso concordou balançando
afirmativamente a cabeça e cobrando: "Cadê aqueles senadores
que foram tão ferozes contra Antonio Carlos? Agora não dizem
nada em relação a Jader?".
Durante o cafezinho, ACM recebeu duas ligações. Uma delas
foi de Brasília, para comunicar
que o presidente do Conselho de
Ética, Gilberto Mestrinho
(PMDB-AM), havia renunciado.
O outro telefonema foi de Fernando Barros, da empresa Propeg, avisando que ACM era, disparado, o primeiro colocado nas
últimas pesquisas sobre as eleições para o governo da Bahia.
"Isso significa que eu só não vou
ser candidato se não quiser", comentou. E provavelmente não vai
querer mesmo, dando a vez para
o senador Paulo Souto (PFL-BA).
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