São Paulo, quinta-feira, 06 de setembro de 2001

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Tasso é o melhor candidato, diz filha de Covas

SANDRA BRASIL
ENVIADA ESPECIAL A SANTOS

A advogada Renata Covas Lopes, 46, disse que o governador do Ceará, Tasso Jereissati, é o melhor nome do PSDB para disputar as eleições presidenciais em 2002.
Desde a morte do pai, o governador Mário Covas, há seis meses, no dia 6 março último, Renata, que integra a Executiva Nacional do partido, passa a maior parte do tempo ajudando a sua mãe, Lila Covas, a superar a perda. Casada, Renata afirmou que o seu filho mais velho, Bruno, 21, poderá seguir a carreira política do avô.
Leia a seguir entrevista dela à Folha:

 

Folha - Como você avalia os seis primeiros meses de governo Geraldo Alckmin?
Renata Covas Lopes -
Quando o meu pai morreu, a minha mãe falou que ele havia passado o dever de casa e que restava a vocês [equipe de governo" cumprir. É isso que o Geraldo tem feito. Não era só um governo Mário Covas. Era um governo Mário Covas com o Geraldo de vice.
Você vai ter um acerto aqui ou ali. Ele [Alckmin" está pondo a termo tudo aquilo que ficou estabelecido. As mudanças no governo foram muito pontuais. Não há uma mudança de filosofia de administração.
Sou suspeita porque tenho uma admiração muito grande pelo governador do Estado. Ele foi de uma lisura, de uma gentileza com a gente ao longo da doença do meu pai que poucos teriam. Eu rezo agradecendo pelo fato de o Geraldo ter sido escolhido para vice em 94. É um governador que, acabando o mandato dele, a gente só vai ter motivo de orgulho. E recentemente tem mostrado que é corajoso [risos".

Folha - A senhora deve estar falando do episódio Silvio Santos. A atitude dele de ir lá lembrou o governador Mário Covas?
Renata
- Sem dúvida nenhuma. Quando eu vi o Geraldo entrar [na casa do Silvio Santos, que estava refém de um sequestrador", fiquei imaginando o meu pai entrando de cadeira de rodas lá -e provavelmente eu estaria empurrando. Com certeza, o meu pai teria ido. Como cidadã de São Paulo, fico satisfeita em saber que, num momento de drama, posso contar com a figura do governador.

Folha - E para 2002?
Renata -
Acho que o Geraldo sai candidato de novo. Com certeza vai contar com o meu apoio. A família [Covas" terá grande participação na campanha do Geraldo e do PSDB. Adoro campanha.

Folha - Esse legado político deixado pelo seu pai. Alguém da família pensa em levar adiante o sobrenome Covas na política?
Renata -
Acho que para a família é muito complicado. Eu não saio candidata. Se saio candidata, saio em melhores condições do que os outros porque o meu sobrenome é Covas. Não acho isso justo. Pensei em sair para o algum mandato legislativo, mas desisti.
O meu filho mais velho, Bruno, de 21 anos, leva jeito. Acho que não é o momento. Agora, o legado do meu pai não ficou só para quem tem o nome dele. Se ficou, foi pouco.

Folha - Na política, apontaria nomes de herdeiros de Mário Covas?
Renata -
O Tasso Jereissati é um. O Geraldo Alckmin é outro. Mas eu não falo de gente que já está aí. Falo também de gente que vai começar. É preciso acreditar que é possível fazer alguma coisa com seriedade.
Uma das coisas que me deixa muito chateada é o meu pai não ter podido ler tudo que se falou dele depois que ele morreu. Podiam ter falado antes. Ele podia ter tido a satisfação de ter lido antes de morrer. Ele tinha todos esses atributos quando era vivo.
Tenho a impressão de que, de um modo geral, há muito medo de vestir a camisa de um político. Ele ia gostar de ler que era um cara que ia fazer falta, que era sério e coerente. Fico com dó de ele não ter lido.

Folha - Você lamenta que o governador Tasso Jereissati não tenha levado adiante o lançamento do nome dele à sucessão presidencial feito pelo seu pai no início do ano? Há quem diga que ele perdeu a oportunidade de se projetar com o apoio do seu pai ainda vivo.
Renata -
Quem sabe ele está na mesma situação que eu, achando muito cabotino usar o nome de Mário Covas para se projetar. Quem sabe ele seja tão sério quanto a família. E isso tem de vir muito mais de base do que ele falar: "Olhe, um cara, chamado Mário Covas, antes de morrer, lançou meu nome e eu vou fazer uso disso". Eu gostaria muito de vê-lo na Presidência...

Folha - Por ter sido indicado por seu pai?
Renata -
Não só por causa disso. É claro que isso tem um peso, mas acho que o Tasso é um cara que tem o perfil do PSDB, tem bom trânsito com outros partidos, tem feito um bom governo no Estado dele [Ceará". É um nome de muito peso. Para o PSDB, é um orgulho ter um nome igual ao dele.

Folha - E o ministro José Serra (Saúde)?
Renata -
[risos" O Serra deve ir bem, obrigada. O Serra esteve o tempo todo próximo. Ele é muito gentil. Sempre foi. Conheço Serra desde 78. Eu me identifico mais com o Tasso do que com o Serra, por quem tenho o maior apreço. Ele está fazendo um belo trabalho no ministério.

Folha - Como está a dona Lila Covas?
Renata -
Minha mãe aguentou um empreitada que não é fácil. É muito doloroso. Ela perdeu um companheiro de mais de 50 anos [47 de casados e oito anos de namoro". Cada vez que fala nele, cutuca a ferida. Ela reza muito.
A minha mãe é uma mulher de muita fé. Ninguém acredita que a gente veio para cá para passar e acabar. A gente acha que, como todas as outras coisas da natureza, essa vida se transforma em alguma outra energia. Agora, é mulher de ir à missa todo domingo. Ela ainda tenta ver se encontra uma rotina.


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