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Tasso é o melhor candidato, diz filha de Covas
SANDRA BRASIL
ENVIADA ESPECIAL A SANTOS
A advogada Renata Covas Lopes, 46, disse que o governador do
Ceará, Tasso Jereissati, é o melhor
nome do PSDB para disputar as
eleições presidenciais em 2002.
Desde a morte do pai, o governador Mário Covas, há seis meses,
no dia 6 março último, Renata,
que integra a Executiva Nacional
do partido, passa a maior parte do
tempo ajudando a sua mãe, Lila
Covas, a superar a perda. Casada,
Renata afirmou que o seu filho
mais velho, Bruno, 21, poderá seguir a carreira política do avô.
Leia a seguir entrevista dela à
Folha:
Folha - Como você avalia os seis
primeiros meses de governo Geraldo Alckmin?
Renata Covas Lopes - Quando o
meu pai morreu, a minha mãe falou que ele havia passado o dever
de casa e que restava a vocês
[equipe de governo" cumprir. É
isso que o Geraldo tem feito. Não
era só um governo Mário Covas.
Era um governo Mário Covas
com o Geraldo de vice.
Você vai ter um acerto aqui ou
ali. Ele [Alckmin" está pondo a
termo tudo aquilo que ficou estabelecido. As mudanças no governo foram muito pontuais. Não há
uma mudança de filosofia de administração.
Sou suspeita porque tenho uma
admiração muito grande pelo governador do Estado. Ele foi de
uma lisura, de uma gentileza com
a gente ao longo da doença do
meu pai que poucos teriam. Eu
rezo agradecendo pelo fato de o
Geraldo ter sido escolhido para
vice em 94. É um governador que,
acabando o mandato dele, a gente
só vai ter motivo de orgulho. E recentemente tem mostrado que é
corajoso [risos".
Folha - A senhora deve estar falando do episódio Silvio Santos. A
atitude dele de ir lá lembrou o governador Mário Covas?
Renata - Sem dúvida nenhuma.
Quando eu vi o Geraldo entrar
[na casa do Silvio Santos, que estava refém de um sequestrador",
fiquei imaginando o meu pai entrando de cadeira de rodas lá -e
provavelmente eu estaria empurrando. Com certeza, o meu pai teria ido. Como cidadã de São Paulo, fico satisfeita em saber que,
num momento de drama, posso
contar com a figura do governador.
Folha - E para 2002?
Renata - Acho que o Geraldo sai
candidato de novo. Com certeza
vai contar com o meu apoio. A família [Covas" terá grande participação na campanha do Geraldo e
do PSDB. Adoro campanha.
Folha - Esse legado político deixado pelo seu pai. Alguém da família pensa em levar adiante o sobrenome Covas na política?
Renata - Acho que para a família
é muito complicado. Eu não saio
candidata. Se saio candidata, saio
em melhores condições do que os
outros porque o meu sobrenome
é Covas. Não acho isso justo. Pensei em sair para o algum mandato
legislativo, mas desisti.
O meu filho mais velho, Bruno,
de 21 anos, leva jeito. Acho que
não é o momento. Agora, o legado
do meu pai não ficou só para
quem tem o nome dele. Se ficou,
foi pouco.
Folha - Na política, apontaria nomes de herdeiros de Mário Covas?
Renata - O Tasso Jereissati é um.
O Geraldo Alckmin é outro. Mas
eu não falo de gente que já está aí.
Falo também de gente que vai começar. É preciso acreditar que é
possível fazer alguma coisa com
seriedade.
Uma das coisas que me deixa
muito chateada é o meu pai não
ter podido ler tudo que se falou
dele depois que ele morreu. Podiam ter falado antes. Ele podia
ter tido a satisfação de ter lido antes de morrer. Ele tinha todos esses atributos quando era vivo.
Tenho a impressão de que, de
um modo geral, há muito medo
de vestir a camisa de um político.
Ele ia gostar de ler que era um cara que ia fazer falta, que era sério e
coerente. Fico com dó de ele não
ter lido.
Folha - Você lamenta que o governador Tasso Jereissati não tenha levado adiante o lançamento
do nome dele à sucessão presidencial feito pelo seu pai no início do
ano? Há quem diga que ele perdeu
a oportunidade de se projetar com
o apoio do seu pai ainda vivo.
Renata - Quem sabe ele está na
mesma situação que eu, achando
muito cabotino usar o nome de
Mário Covas para se projetar.
Quem sabe ele seja tão sério quanto a família. E isso tem de vir muito mais de base do que ele falar:
"Olhe, um cara, chamado Mário
Covas, antes de morrer, lançou
meu nome e eu vou fazer uso disso". Eu gostaria muito de vê-lo na
Presidência...
Folha - Por ter sido indicado por
seu pai?
Renata - Não só por causa disso.
É claro que isso tem um peso, mas
acho que o Tasso é um cara que
tem o perfil do PSDB, tem bom
trânsito com outros partidos, tem
feito um bom governo no Estado
dele [Ceará". É um nome de muito peso. Para o PSDB, é um orgulho ter um nome igual ao dele.
Folha - E o ministro José Serra
(Saúde)?
Renata - [risos" O Serra deve ir
bem, obrigada. O Serra esteve o
tempo todo próximo. Ele é muito
gentil. Sempre foi. Conheço Serra
desde 78. Eu me identifico mais
com o Tasso do que com o Serra,
por quem tenho o maior apreço.
Ele está fazendo um belo trabalho
no ministério.
Folha - Como está a dona Lila Covas?
Renata - Minha mãe aguentou
um empreitada que não é fácil. É
muito doloroso. Ela perdeu um
companheiro de mais de 50 anos
[47 de casados e oito anos de namoro". Cada vez que fala nele, cutuca a ferida. Ela reza muito.
A minha mãe é uma mulher de
muita fé. Ninguém acredita que a
gente veio para cá para passar e
acabar. A gente acha que, como
todas as outras coisas da natureza,
essa vida se transforma em alguma outra energia. Agora, é mulher de ir à missa todo domingo.
Ela ainda tenta ver se encontra
uma rotina.
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