São Paulo, quinta-feira, 06 de setembro de 2007

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Agências de publicidade vão recorrer de revisão que mudou resultado de licitação

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

As agências de publicidade que perderam a disputa para a propaganda institucional dos Correios anunciaram ontem que vão recorrer da decisão. Elas foram desclassificadas após uma reavaliação, feita um mês depois pelos Correios, que deu a melhor pontuação à empresa Casablanca Comunicação, de Belo Horizonte.
O prazo para o recurso administrativo, de cinco dias úteis, acabará na próxima segunda-feira. As agências poderão recorrer também à Justiça.
Em nota divulgada anteontem, os Correios dizem que houve "equívocos" na primeira avaliação, que foram corrigidos a partir de recursos apresentados por várias agências.
A Casablanca venceu a disputa pelo terceiro lote, que prevê R$ 23 milhões anuais. No resultado original, havia ficado em terceiro lugar na avaliação técnica. Em primeiro lugar estava a DeBrito Propaganda, que acabou desclassificada.
"É tudo muito esquisito, o mercado recebeu muito mal essa reviravolta", disse o sócio da Branez Comunicações, André Sartorelli. A agência havia ficado em segundo lugar no ranking. "Os critérios que usam para classificar ou desclassificar são subjetivos, sempre fica um espaço muito grande para discussão. É uma coisa capciosa", disse o publicitário.
"Está muito difícil trabalhar para os governos, especialmente. A gente sabe, existe muita manobra, mas não sabemos até que ponto isso foi decisivo [na licitação dos Correios]", afirmou o sócio da Branez.
Sartorelli disse que a tendência é apresentar recurso em conjunto com a 3P Comunicações (MPM). A MPM não quis comentar a licitação.
O dono da DeBrito, Geraldo de Brito, afirmou que rever um resultado de notas técnicas "é atitude rara", que ele "nunca viu acontecer". "De 20 ou 30 licitações que participamos, é a primeira vez", disse Brito.
Sobre possível interferência política na decisão da concorrência, Brito disse: "Não quero acreditar que tenha havido. Colocam critérios técnicos, mas há detalhes subjetivos".

Motivos
Os Correios levaram em conta para justificar a desclassificação das vencedoras na primeira avaliação diversos motivos, entre os quais divergência entre as peças apresentadas e o que aparecia nos documentais de qualificação, como plano de mídia e resumo geral dos projetos, e extrapolação no número de páginas apresentadas.
Os Correios citam ainda parecer do departamento jurídico que avalizou a reavaliação dos resultados, divulgada no dia 31.
A revisão atingiu também os outros dois lotes, desbancando as agências MPM, do marqueteiro Nizan Guanaes, que fez a campanha presidencial de José Serra (PSDB) em 2002, e a Nova S/B, de João Roberto Vieira da Costa, que chefiou a Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência) em 2002, sob gestão do PSDB. Costa afirmou que sua agência também vai recorrer da decisão, administrativamente. Ele acredita em "excesso de rigor" na licitação.


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