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Agências de publicidade vão recorrer de revisão que mudou resultado de licitação
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
As agências de publicidade
que perderam a disputa para a
propaganda institucional dos
Correios anunciaram ontem
que vão recorrer da decisão.
Elas foram desclassificadas
após uma reavaliação, feita um
mês depois pelos Correios, que
deu a melhor pontuação à empresa Casablanca Comunicação, de Belo Horizonte.
O prazo para o recurso administrativo, de cinco dias úteis,
acabará na próxima segunda-feira. As agências poderão recorrer também à Justiça.
Em nota divulgada anteontem, os Correios dizem que
houve "equívocos" na primeira
avaliação, que foram corrigidos
a partir de recursos apresentados por várias agências.
A Casablanca venceu a disputa pelo terceiro lote, que prevê
R$ 23 milhões anuais. No resultado original, havia ficado em
terceiro lugar na avaliação técnica. Em primeiro lugar estava
a DeBrito Propaganda, que acabou desclassificada.
"É tudo muito esquisito, o
mercado recebeu muito mal essa reviravolta", disse o sócio da
Branez Comunicações, André
Sartorelli. A agência havia ficado em segundo lugar no ranking. "Os critérios que usam
para classificar ou desclassificar são subjetivos, sempre fica
um espaço muito grande para
discussão. É uma coisa capciosa", disse o publicitário.
"Está muito difícil trabalhar
para os governos, especialmente. A gente sabe, existe muita
manobra, mas não sabemos até
que ponto isso foi decisivo [na
licitação dos Correios]", afirmou o sócio da Branez.
Sartorelli disse que a tendência é apresentar recurso em
conjunto com a 3P Comunicações (MPM). A MPM não quis
comentar a licitação.
O dono da DeBrito, Geraldo
de Brito, afirmou que rever um
resultado de notas técnicas "é
atitude rara", que ele "nunca
viu acontecer". "De 20 ou 30 licitações que participamos, é a
primeira vez", disse Brito.
Sobre possível interferência
política na decisão da concorrência, Brito disse: "Não quero
acreditar que tenha havido. Colocam critérios técnicos, mas
há detalhes subjetivos".
Motivos
Os Correios levaram em conta para justificar a desclassificação das vencedoras na primeira avaliação diversos motivos, entre os quais divergência
entre as peças apresentadas e o
que aparecia nos documentais
de qualificação, como plano de
mídia e resumo geral dos projetos, e extrapolação no número
de páginas apresentadas.
Os Correios citam ainda parecer do departamento jurídico
que avalizou a reavaliação dos
resultados, divulgada no dia 31.
A revisão atingiu também os
outros dois lotes, desbancando
as agências MPM, do marqueteiro Nizan Guanaes, que fez a
campanha presidencial de José
Serra (PSDB) em 2002, e a Nova S/B, de João Roberto Vieira
da Costa, que chefiou a Secom
(Secretaria de Comunicação da
Presidência) em 2002, sob gestão do PSDB. Costa afirmou
que sua agência também vai recorrer da decisão, administrativamente. Ele acredita em "excesso de rigor" na licitação.
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