São Paulo, sexta-feira, 06 de outubro de 2000

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GOVERNO
Senador tenta acuar FHC, provocando a discussão de temas polêmicos
ACM defende reajuste do FGTS e mínimo de US$ 100

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No dia seguinte à troca de críticas com o presidente Fernando Henrique Cardoso, o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), manteve ontem sua estratégia de acuar o governo federal, provocando desta vez a discussão de temas problemáticos para FHC.
ACM defendeu a fixação antecipada do valor do salário mínimo para o próximo ano, criticou a política de reajuste diferenciado para os servidores públicos e reclamou da demora do governo federal em negociar com as centrais sindicais a correção do saldo do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
Os temas levantados pelo senador podem provocar desgaste político a FHC. A discussão do reajuste do salário mínimo deste ano, por exemplo, causou queda no índice de popularidade do presidente e o obrigou a antecipar a data de vigência do novo valor e a conceder um reajuste maior do que o governo pretendia.
O mandato de ACM na presidência do Senado termina no início do próximo ano. Ele quer manter seu poder dentro da Casa e por isso quer barrar o projeto do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) de sucedê-lo no posto, elegendo um presidente de sua confiança. Sua preferência recai sobre José Sarney (PMDB-AP).
O senador baiano avalia que FHC está se aliando a Jader para derrotá-lo, o que seria um dos motivos de suas críticas ao governo federal nos últimos dias. Outro motivo é o desejo de ACM de aumentar seu poder de influência na sucessão presidencial.
Ontem, ACM voltou a defender um salário mínimo equivalente a US$ 100 (em torno de R$ 180). Segundo ele, a discussão sobre o reajuste do mínimo deve começar este ano, durante a votação do Orçamento de 2001.
"Não é possível que se vote o Orçamento com um quantitativo tão pequeno em relação ao salário mínimo. Isso é decretar por antecipação um salário mínimo irrisório", afirmou ACM.
Na opinião do presidente do Senado, "o Orçamento de 2001, que será votado este ano, deve ser contemplado com recursos para elevar o mínimo a US$ 100".
A proposta orçamentária enviada pelo Executivo ao Congresso prevê um reajuste de 5,57% para o salário mínimo, que subiria de R$ 151 para R$ 160.
ACM adiantou que conversará com os líderes dos partidos sobre o assunto. "Vamos colocar cara a cara para ver quem não quer (o aumento)", desafiou o senador.
Durante encontro com representantes de centrais sindicais ontem, ACM também criticou a política de reajuste diferenciado do governo para os funcionários públicos federais. "Uma coisa precisa acabar. É esse aumento só para determinadas áreas", disse.
ACM afirmou que "o governo precisa ser sensível a esse assunto", pois os servidores em geral estão sem aumento há seis anos.

FGTS
O presidente do Senado comportou-se ontem como aliado e interlocutor das centrais sindicais. Acertou reunião com os sindicalistas para elaborar uma série de medidas a serem encaminhadas ao Executivo sobre a forma de pagamento da correção do FGTS.
"Eu propus, com o presidente Temer (Michel Temer, presidente da Câmara), reunirmos e levarmos sugestões para o senhor presidente da República para que isso (pagamento) seja feito. O trabalhador brasileiro tem esse direito", disse ACM.
No encontro de ontem, estiveram presentes líderes da CUT, Força Sindical e CGT (Central Geral dos Trabalhadores) e parlamentares ligados ao movimento sindical.
O presidente Fernando Henrique Cardoso designou o ministro do Trabalho, Francisco Dornelles, para tratar da questão com as centrais. Dornelles está de férias desde a semana passada e só volta a Brasília na semana que vem.


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