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GOVERNO
Senador tenta acuar FHC, provocando a discussão de temas polêmicos
ACM defende reajuste do FGTS e mínimo de US$ 100
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No dia seguinte à troca de críticas com o presidente Fernando
Henrique Cardoso, o presidente
do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), manteve ontem
sua estratégia de acuar o governo
federal, provocando desta vez a
discussão de temas problemáticos
para FHC.
ACM defendeu a fixação antecipada do valor do salário mínimo
para o próximo ano, criticou a política de reajuste diferenciado para os servidores públicos e reclamou da demora do governo federal em negociar com as centrais
sindicais a correção do saldo do
FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço).
Os temas levantados pelo senador podem provocar desgaste político a FHC. A discussão do reajuste do salário mínimo deste ano,
por exemplo, causou queda no índice de popularidade do presidente e o obrigou a antecipar a data de vigência do novo valor e a
conceder um reajuste maior do
que o governo pretendia.
O mandato de ACM na presidência do Senado termina no início do próximo ano. Ele quer
manter seu poder dentro da Casa
e por isso quer barrar o projeto do
senador Jader Barbalho (PMDB-PA) de sucedê-lo no posto, elegendo um presidente de sua confiança. Sua preferência recai sobre
José Sarney (PMDB-AP).
O senador baiano avalia que
FHC está se aliando a Jader para
derrotá-lo, o que seria um dos
motivos de suas críticas ao governo federal nos últimos dias. Outro
motivo é o desejo de ACM de aumentar seu poder de influência na
sucessão presidencial.
Ontem, ACM voltou a defender
um salário mínimo equivalente a
US$ 100 (em torno de R$ 180). Segundo ele, a discussão sobre o
reajuste do mínimo deve começar
este ano, durante a votação do Orçamento de 2001.
"Não é possível que se vote o
Orçamento com um quantitativo
tão pequeno em relação ao salário
mínimo. Isso é decretar por antecipação um salário mínimo irrisório", afirmou ACM.
Na opinião do presidente do Senado, "o Orçamento de 2001, que
será votado este ano, deve ser
contemplado com recursos para
elevar o mínimo a US$ 100".
A proposta orçamentária enviada pelo Executivo ao Congresso
prevê um reajuste de 5,57% para o
salário mínimo, que subiria de R$
151 para R$ 160.
ACM adiantou que conversará
com os líderes dos partidos sobre
o assunto. "Vamos colocar cara a
cara para ver quem não quer (o
aumento)", desafiou o senador.
Durante encontro com representantes de centrais sindicais ontem, ACM também criticou a política de reajuste diferenciado do
governo para os funcionários públicos federais. "Uma coisa precisa acabar. É esse aumento só para
determinadas áreas", disse.
ACM afirmou que "o governo
precisa ser sensível a esse assunto", pois os servidores em geral
estão sem aumento há seis anos.
FGTS
O presidente do Senado comportou-se ontem como aliado e
interlocutor das centrais sindicais. Acertou reunião com os sindicalistas para elaborar uma série
de medidas a serem encaminhadas ao Executivo sobre a forma de
pagamento da correção do FGTS.
"Eu propus, com o presidente
Temer (Michel Temer, presidente
da Câmara), reunirmos e levarmos sugestões para o senhor presidente da República para que isso (pagamento) seja feito. O trabalhador brasileiro tem esse direito", disse ACM.
No encontro de ontem, estiveram presentes líderes da CUT,
Força Sindical e CGT (Central Geral dos Trabalhadores) e parlamentares ligados ao movimento
sindical.
O presidente Fernando Henrique Cardoso designou o ministro
do Trabalho, Francisco Dornelles,
para tratar da questão com as centrais. Dornelles está de férias desde a semana passada e só volta a
Brasília na semana que vem.
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