São Paulo, sábado, 06 de outubro de 2001

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RELIGIÃO

Camelôs vendem até estatuetas do sacerdote

Padre Marcelo Rossi é "canonizado" vivo

Caio Guatelli/Folha Imagem
Estatueta do padre Marcelo, à venda perto de santuário


CAIO CARAMICO SOARES
DA REDAÇÃO

Ambulantes que trabalham em frente ao santuário do Terço Bizantino (zona sul de São Paulo) vendem objetos religiosos com a imagem do padre Marcelo Rossi, 34, que faz showmissas no templo. Mesmo proibido pela igreja, esse comércio acontece na grande maioria dos postos de venda instalados no local, sendo a maior fonte de renda de boa parte dos comerciantes.
O rosto do padre estampa os produtos mais variados, como calendários, chaveiros, retratos com uma "coroa" de rei na moldura e até estatuetas e escapulários (uma espécie de talismã) -objetos típicos da devoção popular aos santos. Com preços entre R$ 1 e R$ 5, esses objetos são comprados, segundo os comerciantes locais, principalmente por visitantes de fora de São Paulo, que vêm em caravanas sobretudo para as missas do fim de semana.
Os ambulantes não têm ligação com a igreja, onde tais imagens são proibidas. "Até 60% do que vendo por dia, inclusive hoje [anteontem, dia de são Francisco de Assis" , tem a imagem dele", disse um camelô que preferiu não se identificar. Outro vendedor, com uma pequena estátua do padre no balcão, disse sempre "avisar" aos seus clientes que essas imagens são uma "recordação", e não algo para ser venerado. Essa diferença é ressaltada pelos fiéis que admitiram à Folha ter imagens do padre Marcelo. "É como as lembranças que a gente guarda de nosso pai ou mãe", disse uma frequentadora do santuário. O sacerdote já teria insistido para que não se comercializassem esses objetos, pois "não se considera um santo, e sim uma seta que aponta para Deus", disse o assessor Cláudio Tosta.


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