São Paulo, sábado, 06 de outubro de 2001

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QUESTÃO AGRÁRIA

Sem-terra acreditavam que área pertencesse a Luiz Estevão

MST invade fazenda em Buritis

RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

Cerca de 300 sem-terra ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiram na manhã de ontem a propriedade de uma empresa produtora de soja na zona rural de Buritis, noroeste de Minas Gerais, imaginando que o local pertenceria ao Grupo OK, do ex-senador Luiz Estevão (PMDB-DF).
A propriedade, conhecida como "Fazenda Ceval", pertence à empresa Bunge Alimentos, norte-americana, que tem sede no Brasil em Gaspar (SC). A diretoria da empresa se disse "extremamente surpresa" com a invasão e ainda estaria avaliando o caso, com possibilidade de recurso à Justiça.
O MST promovia desde terça uma marcha em direção à fazenda Córrego da Ponte -a cerca de 5 km da área invadida-, que tem como sócios os filhos do presidente Fernando Henrique Cardoso. Os sem-terra afirmaram que definiriam nos próximos dias se permaneceriam no local ou se seguiriam em direção à Córrego da Ponte. No final da tarde, invadiram e ocuparam também o escritório da unidade da Bunge.
O local a ser invadido foi escolhido levando-se em conta o poder de pressão política, devido à proximidade com a Córrego da Ponte, protegida desde segunda por policiais federais e por homens do Batalhão da Guarda Presidencial.

Brasília
O MST cercou ontem o Ministério do Desenvolvimento Agrário, em Brasília, exigindo a retomada da negociação nacional, suspensa desde o início da ameaça de invasão à Córrego da Ponte. A manifestação começou por volta das 6h30, quando cerca de 300 integrantes do MST e de outros movimentos rurais chegaram armados com paus e pedras em frente ao prédio que abriga o ministério.
A Polícia Militar cercou o edifício e chegou a atirar para cima para evitar uma possível invasão. Os manifestantes diziam que só sairiam do local se o governo retomasse as negociações.
No final da tarde, eles seguiram em passeata em direção ao Planalto, mas foram barrados pela PM nas imediações do Itamaraty.
O secretário nacional de Reforma Agrária afirmou que o ministério não iria negociar com "esse tipo de pressão".



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