São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2004

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SÃO PAULO

José Dirceu negocia com Paulinho (PDT), Gilberto Gil busca apoio no PV e Eduardo Campos tenta convencer Luiza Erundina

Planalto põe ministros na campanha de Marta

CATIA SEABRA
RICARDO BRANDT
DA REPORTAGEM LOCAL

Recrutados pelo Planalto, ministros do PT e de partidos aliados se dedicam à busca de apoio à campanha da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), à reeleição. Enquanto o chefe da Casa Civil, José Dirceu, negocia com Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT), o ministro da Cultura, Gilberto Gil, faz campanha no PV.
Ontem, foi o ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, que desembarcou em São Paulo. A missão de Campos é das mais difíceis: garantir o apoio do PSB a Marta sem mexer com os brios da candidata de seu partido, a deputada Luiza Erundina. Na volta a Brasília, Campos deverá dar carona para o presidente estadual do PSB, Márcio França, em seu avião. Os dois deverão participar da reunião em que o PSB oficializará o apoio a Marta.
Na tarde de segunda-feira, Paulinho e Dirceu se reuniram no hotel Intercontinental. Antes mesmo, Marta já tinha telefonado duas vezes para Paulinho. Para obter seu apoio, Marta prometeu criar 30 centros de solidariedade na cidade, além de se comprometer com a distribuição de vale-transporte para desempregados.
Dirceu ofereceu apoio do PT ao PDT em cinco cidades: Campinas, Bauru, Duque de Caxias, Campos e Salvador. Como em Campinas e Bauru o adversário do PDT é o PSDB e, no Rio, Anthony Garotinho, Paulinho alegou que o PT teria de apoiar o PDT de qualquer jeito. "Vocês vão apoiar o Garotinho e o PSDB?", perguntou Paulinho.
Segundo o pedetista, Dirceu alegou que, em Salvador, não haveria problema em apoiar o PFL porque não há mais esquerda e direita no país: "A coisa mais simples seria apoiar o Antonio Carlos Magalhães", teria dito o ministro. Paulinho propôs que o PT apóie os candidatos do PDT em troca de sua neutralidade em São Paulo.
Gilberto Gil, por sua vez, só não está já em campanha pró-Marta porque foi contido pelo partido. A pedido do Partido Verde, o ministro não esteve segunda-feira em São Paulo para pedir votos para a petista. O candidato do partido no primeiro turno, José Luiz Penna, conta que o ministro insiste no apoio a Marta sob o argumento de que "a eleição em São Paulo transcende a realidade do município".
Penna avisa que tomará uma decisão pragmática que inclui a possibilidade de participação na Prefeitura: "As secretarias de Cultura e Meio Ambiente são nosso objeto de desejo. Mas uma regional não ia nada mal", disse.
Campos, por sua vez, não só deverá conversar com o PSB de São Paulo, mas também procurar a própria Erundina. Hoje, a Executiva do PSB declara apoio a Marta, porque, segundo o líder do PSB na Câmara, "o partido não tem outro caminho". Mas, para evitar fissuras, Erundina deverá ter o direito à neutralidade. "Ninguém vai forçá-la a subir em palanques", afirmou o deputado Evilásio Farias (PSB-SP), com quem Erundina deverá almoçar hoje.
A campanha de Marta decidiu criar "grupos temáticos" com equipes comandadas por figuras de destaque do partido para coordenar melhor as ações da campanha. Entre os nomes sugeridos estão Aloizio Mercadante, José Genoino e João Paulo Cunha.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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