São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAÍS

Índice de sucesso eleitoral dos congressistas-candidatos foi inferior às taxas obtidas nas eleições municipais de 1996 e de 2000

De 90 parlamentares, 60 fracassam nas urnas

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O grupo de senadores e deputados federais que tentou trocar o Congresso pelas prefeituras de suas bases eleitorais amargou o pior resultado da "categoria" nas três últimas eleições municipais, quando comparados os desempenhos no primeiro turno: 60 dos 90 congressistas-candidatos foram derrotados, 18 disputarão o segundo turno e só 12 foram eleitos.
O índice de "sucesso" dos congressistas (obter a eleição ou assegurar vaga no 2º turno) foi de 33% dos 90 postulantes. Candidataram-se a prefeito ou a vice 85 deputados federais e 5 senadores.
Em 2000, 21 congressistas foram eleitos no 1º turno e 12 disputaram o segundo, o que representou 35% dos 95 deputados federais e senadores que se candidataram. Quatro anos antes, em 1996, 33 se elegeram no 1º turno e 17 disputaram o 2º turno, 41% do total de 121 parlamentares-candidatos.
A análise das votações de domingo mostra que as vitórias nas maiores cidades dos parlamentares ocorreram em uma candidatura a vice (em Belo Horizonte, com Ronaldo Vasconcelos, do PTB) e em duas a prefeito: em Belford Roxo (RJ), com Maria Lúcia (PMDB), e Uberaba (MG), com o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto (PL). A menor cidade "conquistada" foi Itabaianinha (SE), que terá como prefeito o senador Renildo Santana (PFL), que obteve o posto com 11.245 votos, 58,26% dos válidos.
Entre os derrotados, figuram um presidente de partido (Michel Temer, do PMDB, vice de Luiza Erundina), vice-líderes do governo na Câmara e ex-ministros. Um dos vice-líderes do governo, Beto Albuquerque (PSB-RS), amargou a sétima colocação na disputa da Prefeitura de Porto Alegre, ficando na frente apenas dos candidatos do PSTU e do PCO.
"Existe o tempo de plantar e o de colher. Comecei a plantar a proposta socialista em Porto Alegre e espero colher os frutos no futuro", afirmou. Albuquerque, que teve 3,04% dos votos válidos, disse que a maior dificuldade foi ter disputado o voto de esquerda "no principal reduto eleitoral do PT".
Na eleição de Recife, vencida no 1º turno pelo prefeito João Paulo (PT), o ex-ministro Raul Jungmann (PPS) também foi exemplo de desempenho fraco, ficando em 4º lugar, com 3,63% dos votos válidos. "Considero 30 mil votos, nas condições que tive, uma votação bastante satisfatória", afirmou o ex-ministro, que argumentou ter disputado uma eleição "dominada pelas máquinas públicas". Segundo ele, sua campanha custou R$ 330 mil, o que representaria menos de 10% do total que teria sido gasto pelo PT.
Alguns dados sobre o desempenho por partidos: 21 deputados e senadores do PT se lançaram candidatos: 14 foram derrotados, 5 vão ao segundo turno e 2 foram eleitos. O PMDB lançou 10 congressistas: 6 fracassaram, dois disputam o 2º turno e 2 foram eleitos. Já o PTB elegeu 3 dos seus 10 candidatos. Dois vão ao 2º turno e 3 estão fora da disputa. O PC do B não conseguiu eleger nenhum de seus quatro candidatos.
Na oposição, o PSDB lançou sete deputados federais como candidatos e não conseguiu eleger nenhum no domingo. Três disputarão o 2º turno. Dos 10 pefelistas, 6 foram derrotados, 1 eleito e 3 vão ao 2º turno. Entre 18 congressistas-candidatos que disputarão o 2º turno, três são senadores e 15 são deputados federais.


Texto Anterior: Ribeirão Preto: PT retarda decisão sobre apoio a PMDB
Próximo Texto: Balanço: Primeiro turno explicita derrotados e vitoriosos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.