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DIPLOMACIA
EUA, porém, não dão apoio formal à candidatura brasileira, como já fizeram França, Rússia e Reino Unido
Brasil é sério candidato na ONU, diz Powell
DA REDAÇÃO
O secretário de Estado dos
EUA, Colin Powell, afirmou ontem, em evento em São Paulo, que
a candidatura do Brasil a um assento permanente no Conselho
de Segurança da ONU é "séria" e
"sólida", porém não indicou que
os EUA pretendam dar seu apoio
formal à intenção brasileira antes
da publicação de um relatório da
ONU sobre a reforma da entidade, marcada para o final do ano. O
Brasil é membro rotativo do CS.
"Os EUA saúdam a crescente liderança brasileira nas Américas e
na cena mundial... O Brasil é um
candidato sólido a integrar um CS
ampliado", declarou Powell ante
uma platéia de mais de cem empresários convidados pela Câmara de Comércio Americana de São
Paulo e pelo consulado dos EUA.
"Trata-se de uma grande democracia, não-nuclear, que desempenha um papel responsável na
cena mundial. É um país que está
disposto a enviar tropas a outras
parte do mundo e do hemisfério e
a participar de esforços de manutenção da paz", avaliou Powell.
"[O Brasil] tem posições responsáveis em relação às discussões sobre o comércio global. Certamente, pensaria que é um sólido
candidato", acrescentou o secretário. Todavia ele afirmou ainda
que, antes que o relatório da ONU
sobre o tema seja divulgado, os
EUA "crêem que seja melhor não
apontar nenhum país específico".
Outros países, como a França, o
Reino Unido e a Rússia (membros permanentes do CS), além
da Alemanha, do Japão e da Índia
(que anseiam obter uma cadeira
permanente no mais importante
órgão decisório da ONU), já expressaram sua aprovação à candidatura brasileira. Hoje os outros
membros permanentes do CS,
com direito de veto, são os EUA e
a China. Esta não vê com bons
olhos as aspirações japonesas.
Powell mencionou como passos
importantes da diplomacia brasileira -que contribuem para fortalecer sua candidatura- a chefia
da missão de paz da ONU no Haiti (atualmente), a atuação na resolução do impasse político na Venezuela, com a criação do Grupo
de Amigos (início de 2003) e a
participação na estabilização da
crise boliviana (outubro de 2003).
"O Brasil e os EUA trabalharam
juntos na ONU para conseguir a
aprovação da missão de paz no
Haiti. Esta já serviu para salvar
muitas vidas e ajudará a pacificar
o país. A comunidade internacional veio a público em julho para
prometer sua ajuda para reconstruir o Haiti. A primeira parte do
US$ 1,3 bilhão prometido ao Haiti
começa a chegar ao país. Mas nenhuma quantidade de apoio material seria suficiente sem a segurança oferecida pelas forças da
ONU lideradas pelo Brasil."
"Na Venezuela também, o Brasil se engajou de modo enérgico e
construtivo no apoio à democracia por meio de sua liderança do
Grupo de Amigos na Organização
dos Estados Americanos e de seus
esforços bilaterais com a Venezuela", afirmou Powell. "Na Bolívia, o presidente Lula contribuiu
para atenuar as tensões e para gerar confiança na democracia, ao
estimular o progresso econômico
com investimentos e com o perdão da dívida, apoiar o governo
constitucional e enfatizar, em
suas conversas com o governo boliviano, a importância das reformas democráticas", completou.
Vale lembrar que, antes da eleição presidencial americana de 2
de novembro, Washington não
deverá tomar posição definitiva a
respeito da reforma da ONU. Afinal, uma eventual mudança de
governo poderia alterar a posição
dos EUA sobre o assunto.
Embora tenha admitido que as
dificuldades são enormes, Powell,
que vai a Granada depois de deixar o país hoje, defendeu a libertação do Afeganistão e do Iraque de
regime autoritários e exaltou a
realização de eleições livres nos
dois países no futuro próximo:
"Mais de 10 milhões de afegãos
votarão pela primeira vez para
presidente no próximo sábado...
O mesmo ocorrerá no Iraque".
O secretário de Estado, que
também se reuniu com Lula e
com o chanceler Celso Amorim,
em Brasília, afirmou que a questão dos imigrantes ilegais que vivem nos EUA, incluindo muitos
brasileiros, é relevante, mas que o
11 de Setembro tornou mais difícil
a regularização de sua situação.
"Os EUA querem que os brasileiros vão à escolas ou aos hospitais americanos... Contudo a
questão da imigração é complexa,
pois não queremos premiar os ilegais, embora estejamos conscientes de que eles merecem um tratamento cordial", declarou Powell
no final do encontro.
Inicialmente previsto para durar apenas 30 minutos, o encontro entre Powell e Lula levou mais
de uma hora. Na saída, Powell disse que o encontro foi "muito
bom". A subsecretária de Política
do Itamaraty, Vera Pedrosa, afirmou que Lula e Powell não trataram de assuntos polêmicos, conversaram sobre economia e a relação entre os dois países.
(MÁRCIO SENNE DE MORAES)
Colaborou a SUCURSAL DE BRASÍLIA
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