São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2004

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País pede ajuda para ação no Haiti

ANDRÉ SOLIANI
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A situação no Haiti se complica, e o Brasil pediu a ajuda dos EUA para reforçar os trabalhos da força de paz da ONU que lidera.
Ontem, o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) aproveitou a visita do secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, para reforçar o lobby na organização por mais tropas no Haiti e maiores facilidades para a liberação de verbas de reconstrução do país.
"Conversamos sobre a situação do Haiti, que continua preocupante, e sobre a necessidade de serem colocadas rapidamente todas as tropas no Haiti que foram prometidas", afirmou Amorim.
No momento, a força de paz da ONU conta com cerca de 3.000 homens. Desse total, 1.200 são brasileiros. A tropa inicialmente prevista deveria ser de 6.000 soldados, mas alguns países ainda não enviaram seus contigentes.
O governo brasileiro também solicitou ajuda para conseguir liberar US$ 1 bilhão que já foi arrecado pela ONU para reconstruir o Haiti. A organização exige projetos bem elaborados para liberar as verbas. Amorim disse que, no caso do Haiti, não há necessidade de grandes projetos, mas de ações pequenas, como limpeza de ruas.
Segundo Amorim, Powell se prontificou em ajudar o Brasil nas duas questões. O americano deverá ligar para o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, para fazer as gestões solicitadas pelo Brasil, assim que voltar para Washington.
O governo Bush, desde o início, elogia o engajamento do Brasil no Haiti. "Gostaria de expressar meu agradecimento ao governo brasileiro pelo papel de liderança dentro das Nações Unidas, ao colocar à disposição tropas no Haiti. É uma missão desafiadora, e o Brasil esteve a altura do desafio", disse ontem Powell.
Se no caso do Haiti, Brasil e Estados Unidos concordam sobre as ações necessárias, Powell deixou claro que Lula não terá o apoio do seu país para criar uma taxa internacional para financiar o combate a fome mundial. "Não acreditamos que isso funcione", disse Powell, que diz concordar com as metas do presidente brasileiro.
Outro assunto de divergência entre os dois países que foi tratado foi a questão da guerra no Iraque. O Brasil sempre foi contra a invasão, mas ontem disse que poderia participar com ajuda humanitária e de conferências internacionais, patrocinadas pelos EUA, sobre o assunto.
Na frente do Itamaraty, uma manifestação de 50 bancários grevistas tentou constranger o secretário de Estado e o presidente. Ao saber que Lula, o principal alvo, não estava no prédio, dirigiram seus ataques aos EUA. "Bush, você é o maior terrorista do mundo", gritavam em coro.


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