São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2004

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Investimento da União chega a R$ 2,3 bilhões

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao contabilizar a realização de 21,7% dos investimentos previstos para o ano depois dos cortes de gastos, o ministro Guido Mantega festejou ontem o desempenho registrado nos primeiros nove meses do ano: "O governo está navegando numa velocidade de cruzeiro".
Até 30 de setembro, o Ministério do Planejamento registrou R$ 2,3 bilhões de investimentos "liquidados" (etapa intermediária entre o compromisso de gasto e o pagamento). É pouco, comparados aos R$ 12,3 bilhões de investimentos autorizados para 2004, mas mais do que os investimentos feitos de janeiro a setembro do primeiro ano do governo Lula (R$ 900 milhões) ou do último ano de FHC (R$ 1,8 bilhão), em valores não corrigidos pela inflação. Daí a comemoração do ministro.
Mantega avaliou que as despesas cortadas (a maioria delas objeto de emendas de deputados e senadores) não farão falta: "Não seriam gastos eficientes". Entre os principais alvos dos cortes estão despesas dos ministérios das Cidades, da Integração Nacional e dos Transportes, responsáveis por obras de saneamento, de abastecimento de água e manutenção de rodovias federais.
O Ministério dos Transportes tem autorizados R$ 3,1 bilhões de gastos em investimento e custeio. A quarta parte desse valor foi cortada, como contribuição à economia destinada ao pagamento dos juros da dívida. Do restante, R$ 2,3 bilhões, o ministério pagou, até 30 de setembro, R$ 421 milhões.
"Está perfeitamente correto", disse Mantega sobre o desempenho dos Transportes. Ele contabilizou como gastos da pasta o pagamento de contas pendentes de anos anteriores -mais de R$ 1 bilhão. No conjunto da Esplanada, os restos a pagar somam R$ 9,1 bilhões, dos quais R$ 6 bilhões teriam sido pagos, comprimindo os gastos dos ministérios.
"Vamos chegar ao final do ano cumprindo as prioridades estabelecidas pelo governo", disse Mantega. Ele prevê chegar à marca de R$ 12 bilhões de investimentos em 2004, mas levou em conta aí os investimentos que não serão pagos neste ano e aqueles a serem feitos na área de saneamento com dinheiro do FGTS, que nem sequer passam pelo Orçamento.
Questionado sobre o ritmo registrado até aqui, ele ponderou que alguns investimentos feitos nas cidades, mediante convênio, foram prejudicados pelas eleições municipais e disse que nem todos os meses são iguais na lógica dos gastos públicos.
O relatório de avaliação da execução orçamentária divulgado ontem é apenas uma fatia do que é levado periodicamente pelo ministro do Planejamento ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O relatório completo detalha o ritmo de cerca de 3.500 projetos, entre eles o programa Primeiro Emprego, voltado a jovens carentes entre 16 e 24 anos. Os gastos não chegaram a 1% do total previsto para o ano.
"É um programa que teve problemas, as regras se revelaram inadequadas", justificou o ministro.


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