São Paulo, sexta-feira, 06 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / ESTADOS

Com Lula, Cabral cede a Crivella e retira projeto sobre casamento gay

Senador do PRB diz que foi condição para igreja apoiá-lo; petista também declara voto no peemedebista

Cabral nega concessão, mas site do Senado informa que ele assinou requerimento no qual solicita a retirada do projeto, que será arquivado


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO

O candidato do PMDB ao governo do Estado do Rio, Sérgio Cabral, retirou ontem, "em caráter definitivo", a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 70) que previa o reconhecimento da união estável de pessoas do mesmo sexo. O senador Marcelo Crivella (PRB), bispo licenciado da Igreja Universal, disse que essa foi uma das condições que impôs para apoiá-lo no segundo turno. Cabral nega.
"Sérgio Cabral aceitou minha ponderação. Isso é um princípio fundamental tanto da Igreja Católica quanto da evangélica, que são a maioria no Rio. Pedi a ele que revisse a posição e ele o fez. Assinou requerimento retirando o projeto, e achei isso um gesto muito importante", afirmou o senador do PRB.
A página do Senado na internet informa que Sérgio Cabral, por meio do requerimento 1.023 de 2006, solicitou ontem "a retirada, em caráter definitivo da matéria de sua tramitação". A PEC vai ao arquivo.
Ontem, Cabral foi ao Palácio do Alvorada, onde recebeu apoio do presidente e candidato à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva. O peemedebista é afilhado político do ex-governador do Rio Anthony Garotinho, que apóia Geraldo Alckmin (PSDB). Crivella e o atual vice-governador do Rio, Luiz Paulo Conde, estiveram no evento.
Terceiro colocado na eleição, com 18,5% dos votos, Crivella fez campanha para o presidente Lula e, no encontro em Brasília, declarou voto em Cabral. Antes ele havia prometido apoio a Denise Frossard (PPS) no segundo turno e chegou a se irritar ao ver Lula anunciar seu apoio ao candidato do PMDB antes de ele fazê-lo.

Panfletos
No primeiro turno, Cabral foi alvo de panfletos apócrifos que mostravam um casal de homens se beijando na boca e afirmava que Cabral tinha feito lei a favor do casamento gay.
Crivella confirmou que a medida foi uma condição para seu apoio a Cabral no segundo turno: "Fez parte, sim, do acordo. Disse a ele que o acordo seria por princípios e propostas".
Sérgio Cabral negou ter retirado o projeto a pedido de Crivella e disse que foi uma retirada provisória, ao contrário do que informa a página do Senado na internet. "Não [retirei a PEC como parte do acordo para receber apoio de Crivella], de maneira nenhuma", afirmou.
"Vou dar uma revisada no projeto, chegar a um acordo. Há uma proposta de fazer uma consulta pública, um plebiscito, que o senador Camata já vinha apresentando, junto com o voto obrigatório, com cinco pontos importantes. Então, vou dar uma revisada nisso, talvez fazer um novo projeto, na linha do plebiscito."
(FÁBIO ZANINI, PEDRO DIAS LEITE, RAPHAEL GOMIDE E SÉRGIO TORRES)

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