|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Tucano constrange Alckmin ao pedir que ele dê apoio a Wagner
Jutahy Júnior, líder do PSDB na Câmara, quis que candidato
assumisse compromisso de ajudar petista a fazer bom governo
Ex-ministro de Lula impôs
derrota na disputa baiana a
grupo do senador ACM,
principal cabo eleitoral do
presidenciável na Bahia
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Causando constrangimento,
o PSDB da Bahia exigiu ontem
do candidato do partido à Presidência, Geraldo Alckmin,
uma manifestação de apoio ao
governador eleito do Estado, o
petista Jaques Wagner. Os tucanos baianos temem que o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), aliado do ex-governador de São Paulo, ganhe "sustentação política" num
eventual governo Alckmin e
prejudique o desempenho do
petista -que, no domingo, derrotou o governador Paulo Souto, quebrando uma hegemonia
de 16 anos do PFL na Bahia.
Após sua surpreendente vitória no primeiro turno, Wagner, ex-ministro das Relações
Institucionais de Lula, disse
não estar "preparado" para governar com Alckmin como presidente e se engajou na campanha à reeleição de Luiz Inácio
Lula da Silva à Presidência.
"Estamos muito felizes com a
vitória de Jaques Wagner na
Bahia, derrotamos o carlismo,
essa força do atraso. Estou dizendo isso de forma pública,
não para constrangê-lo", disse
o presidente da executiva regional do PSDB, deputado federal Jutahy Magalhães Júnior,
dirigindo-se a Alckmin.
"Vou pedir duas coisas para
você. A primeira é que ganhe as
eleições. E a segunda é que assuma publicamente o compromisso de ajudar o governador
eleito Jaques Wagner a fazer
um ótimo governo", disse Jutahy. Alckmin, que mais tarde
teria um encontro com o próprio ACM, continuou ouvindo
a fala do deputado.
"Se aqui na Bahia passar a
idéia de que sua vitória é a tábua de salvação do carlismo,
sua derrota será imensa",
acrescentou Jutahy, que disse
ter votado em Wagner para governador. O PSDB não teve
candidato próprio no Estado.
Durante todo o primeiro turno, Alckmin praticamente relegou a segundo plano os tucanos
baianos -seus principais comícios na Bahia foram organizados pelo senador Antonio Carlos Magalhães e pelo governador Paulo Souto. Em algumas
cidades, os tucanos fizeram
eventos paralelos, mas menores que os dos pefelistas.
No Estado, o tucano sofreu
uma de suas piores derrotas para Lula: teve 26,03% dos votos
válidos no quarto maior colégio
eleitoral do país, contra 66,65%
do petista.
Com o semblante fechado,
depois de ouvir o discurso do líder do PSDB na Câmara, Alckmin prometeu ajuda a Wagner.
"Eu sou diferente do Lula,
não vou virar as costas para o
Estado. Gosto do Paulo Souto,
quero dizer que ele foi perseguido pelo presidente. Nós vamos investir na Bahia, o quarto
maior colégio eleitoral, de
mãos dadas, seremos parceiros
do governador eleito pelo povo
baiano, o companheiro Jaques
Wagner", disse Alckmin em
discurso à cerca de 80 tucanos.
Anteontem à noite, em reunião com integrantes de sua
campanha, ficou acertado que
Alckmin prometeria ajuda a
Wagner -a medida foi tomada
para "neutralizar" o discurso
petista no Estado de que uma
eventual vitória do tucano seria
prejudicial ao projeto de crescimento do Estado.
"O que não estava no acordo
foram as críticas duras ao senador Antonio Carlos Magalhães,
o que causou constrangimento
a Alckmin", disse um deputado
que participou do acerto.
Alckmin assumiu o compromisso de "pisar no acelerador
do crescimento" na Bahia e criticou a liberação, pelo governo
federal, de R$ 1,5 bilhão para
nove ministérios, anunciada na
quarta-feira à noite. Em seu
discurso, Alckmin sugeriu para
governadores e prefeitos pegarem o dinheiro. "Peguem [o dinheiro] e votem em nós porque
nós não vamos trabalhar em
véspera de eleição."
Depois, Alckmin se encontrou com cerca de 400 pefelistas, entre eles ACM e Souto.
O tucano prometeu "reestatizar o que o PT privatizou para
o PT", acusando o partido de
"aparelhar" o Estado.
Texto Anterior: PF reclama de demora da Claro em fornecer dados telefônicos Próximo Texto: Frase Índice
|