São Paulo, sexta-feira, 06 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Tucano constrange Alckmin ao pedir que ele dê apoio a Wagner

Jutahy Júnior, líder do PSDB na Câmara, quis que candidato assumisse compromisso de ajudar petista a fazer bom governo

Ex-ministro de Lula impôs derrota na disputa baiana a grupo do senador ACM, principal cabo eleitoral do presidenciável na Bahia


LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Causando constrangimento, o PSDB da Bahia exigiu ontem do candidato do partido à Presidência, Geraldo Alckmin, uma manifestação de apoio ao governador eleito do Estado, o petista Jaques Wagner. Os tucanos baianos temem que o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), aliado do ex-governador de São Paulo, ganhe "sustentação política" num eventual governo Alckmin e prejudique o desempenho do petista -que, no domingo, derrotou o governador Paulo Souto, quebrando uma hegemonia de 16 anos do PFL na Bahia.
Após sua surpreendente vitória no primeiro turno, Wagner, ex-ministro das Relações Institucionais de Lula, disse não estar "preparado" para governar com Alckmin como presidente e se engajou na campanha à reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência.
"Estamos muito felizes com a vitória de Jaques Wagner na Bahia, derrotamos o carlismo, essa força do atraso. Estou dizendo isso de forma pública, não para constrangê-lo", disse o presidente da executiva regional do PSDB, deputado federal Jutahy Magalhães Júnior, dirigindo-se a Alckmin.
"Vou pedir duas coisas para você. A primeira é que ganhe as eleições. E a segunda é que assuma publicamente o compromisso de ajudar o governador eleito Jaques Wagner a fazer um ótimo governo", disse Jutahy. Alckmin, que mais tarde teria um encontro com o próprio ACM, continuou ouvindo a fala do deputado.
"Se aqui na Bahia passar a idéia de que sua vitória é a tábua de salvação do carlismo, sua derrota será imensa", acrescentou Jutahy, que disse ter votado em Wagner para governador. O PSDB não teve candidato próprio no Estado.
Durante todo o primeiro turno, Alckmin praticamente relegou a segundo plano os tucanos baianos -seus principais comícios na Bahia foram organizados pelo senador Antonio Carlos Magalhães e pelo governador Paulo Souto. Em algumas cidades, os tucanos fizeram eventos paralelos, mas menores que os dos pefelistas.
No Estado, o tucano sofreu uma de suas piores derrotas para Lula: teve 26,03% dos votos válidos no quarto maior colégio eleitoral do país, contra 66,65% do petista.
Com o semblante fechado, depois de ouvir o discurso do líder do PSDB na Câmara, Alckmin prometeu ajuda a Wagner.
"Eu sou diferente do Lula, não vou virar as costas para o Estado. Gosto do Paulo Souto, quero dizer que ele foi perseguido pelo presidente. Nós vamos investir na Bahia, o quarto maior colégio eleitoral, de mãos dadas, seremos parceiros do governador eleito pelo povo baiano, o companheiro Jaques Wagner", disse Alckmin em discurso à cerca de 80 tucanos.
Anteontem à noite, em reunião com integrantes de sua campanha, ficou acertado que Alckmin prometeria ajuda a Wagner -a medida foi tomada para "neutralizar" o discurso petista no Estado de que uma eventual vitória do tucano seria prejudicial ao projeto de crescimento do Estado.
"O que não estava no acordo foram as críticas duras ao senador Antonio Carlos Magalhães, o que causou constrangimento a Alckmin", disse um deputado que participou do acerto.
Alckmin assumiu o compromisso de "pisar no acelerador do crescimento" na Bahia e criticou a liberação, pelo governo federal, de R$ 1,5 bilhão para nove ministérios, anunciada na quarta-feira à noite. Em seu discurso, Alckmin sugeriu para governadores e prefeitos pegarem o dinheiro. "Peguem [o dinheiro] e votem em nós porque nós não vamos trabalhar em véspera de eleição."
Depois, Alckmin se encontrou com cerca de 400 pefelistas, entre eles ACM e Souto.
O tucano prometeu "reestatizar o que o PT privatizou para o PT", acusando o partido de "aparelhar" o Estado.


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