São Paulo, sábado, 06 de outubro de 2007

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Com decisão do STF, PT vai tentar reaver mandato de Soninha

Vereadora, que trocou o partido pelo PPS para concorrer à prefeitura, diz ter "divergências programáticas" com bancada

"Vamos trabalhar para que a decisão do Supremo seja cumprida", afirma Berzoini; PT vai orientar diretórios a seguir exemplo paulistano

Danilo Verpa - 29.set.2007/Folha Imagem
A vereadora Soninha durante sua filiação ao PPS, no sábado


JOSÉ ALBERTO BOMBIG
REPORTAGEM LOCAL

O PT paulistano, com base em resolução aprovada ontem pelo Diretório Nacional do partido, decidiu que irá à Justiça na tentativa de reaver o mandato da vereadora Soninha, que deixou a sigla para ingressar no PPS para disputar a prefeitura da capital paulista.
Segundo o presidente do PT paulistano, Paulo Fiorilo, a medida será referendada pela Executiva municipal na segunda.
"Já há consenso, com base na decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), de que nós temos amparo legal para manter o mandato", disse.
A decisão petista é um contra-ataque direto ao presidente nacional do PPS, o deputado federal Roberto Freire (PE), responsável por uma das representações no STF que questionavam a migração de parlamentares da oposição para a base governista.
O plano do PPS é ter Soninha como candidata a prefeita de São Paulo no ano que vem. A vereadora disse que irá recorrer da ação petista.
"É supercompreensível que o PT queira dar o troco. Eu vou me defender. Não é todo mundo que é fisiológico", afirmou Soninha, que alega "divergências programáticas" com a bancada petista na Câmara para a troca de partido.
Nos bastidores do PT, a possível candidatura de Soninha é vista como uma estratégia de Freire para enfraquecer a ministra Marta Suplicy (Turismo), caso ela aceite o desafio de concorrer novamente à Prefeitura de São Paulo.
Por esse raciocínio, as duas disputariam faixa semelhante de eleitorado, favorecendo nomes do DEM e do PSDB.
O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, afirmou que todos os diretórios do partido receberão determinação de seguir o exemplo paulistano.
"Essa é uma posição do Diretório Nacional e nós vamos trabalhar para que a decisão do Supremo seja cumprida", disse Berzoini. O líder do PT na Câmara, Luiz Sérgio (RJ), criticou a decisão tomada na noite de anteontem pelo STF.
"É estranho que os parlamentares que trocaram de legenda antes da decisão do TSE não corram o risco de perderem seus mandatos e os demais tenham problemas", afirmou.
A decisão do Supremo também pode reduzir o número de vereadores do Democratas na Câmara Municipal, já que Milton Leite deixou o PMDB para ingressar no partido do prefeito Gilberto Kassab após a data-limite fixada pela Justiça.
De acordo com o presidente do PMDB paulistano, Bebeto Haddad, se o suplente do vereador solicitar o mandato, o partido encampará o pleito na Justiça, a exemplo do PT.
Leite afirma não acreditar que o PMDB entre na Justiça contra ele e acha pouco provável que haja tempo para que uma ação judicial tenha resultados práticos antes da eleição do ano que vem. O vereador também alega "divergências programáticas" ao justificar sua filiação ao DEM.
Outro caso de troca de partido no Legislativo paulistano que pode abrir uma brecha à contestação na Justiça é o do vereador Goulart.
Ele estava de malas prontas para embarcar no DEM, mas na última hora resolveu permanecer no partido do ex-governador Orestes Quércia.
Segundo a Folha apurou, no entanto,o parlamentar chegou a encaminhar sua desfiliação ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral). Ele nega.
Ainda na Câmara Municipal de São Paulo, o PPS abriu mão de contestar a ida de Myryam Athiê para o PDT. O partido informou, pela assessoria, que a mudança foi consensual.


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