São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2008

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ANÁLISE

O Lula da vez é Kassab

RENATA LO PRETE
EDITORA DO PAINEL

Os fragmentos de discurso testados pelo PT na reta final do primeiro turno indicam que a missão de Marta Suplicy será bem mais árdua do que sugerem os nove pontos de vantagem dados pelo Datafolha a Gilberto Kassab na última simulação do confronto entre os dois.
Ontem, ao votar, ela afirmou que "agora vamos comparar as biografias e trajetórias". Trata-se de introdução aos assuntos Paulo Maluf (a quem Kassab apoiou no passado) e Celso Pitta (de quem chegou a ser secretário do Planejamento).
Essa tentativa de associação já foi feita exaustivamente no primeiro turno, sem nenhum sinal de aderência no eleitorado. O último candidato que tentou se fiar na "comparação de biografias" está agora a caminho de Pindamonhangaba.
Outra linha recém-introduzida por Marta é a da cidade dividida entre pobres e ricos, com o PT ao lado dos primeiros.
Tal argumento é algo contraditório com a meta, publicamente fixada pela ex-prefeita na largada da atual campanha, de reconquistar a classe média perdida em 2004. O principal problema, porém, é que ele já foi utilizado por Marta, sem sucesso, quatro anos atrás.
Na semana passada, diante dos sinais de que Kassab terminaria próximo de Marta, e não do terceiro colocado, petistas começaram a lançar a idéia de um segundo turno "como o de 2006" (Lula x Alckmin).
Falavam da necessidade de achar, como dois anos atrás, um carimbo que fragilize o adversário. Sendo a eleição municipal, e os resultados sociais da atual administração no mínimo comparáveis aos da anterior, difícil imaginar que carimbo será esse. Dirão que Kassab vai privatizar o Anhembi?
É evidente que o diagnóstico não está fechado contra Marta.
Acabou a supremacia de Kassab no tempo de propaganda. A equalização pode ajudá-la.
Se acertar o tom, ela também pode tirar proveito da inexperiência de Kassab no "mano a mano". Ele jogou para inviabilizar o primeiro debate da Globo. Deu certo. Agora não vai dar.
Mas, já que é para lembrar de 2006, ali a migração natural dos votos de quem havia ficado pelo caminho favorecia Lula. O Lula da vez é Kassab.
Este realizou sua tarefa mais difícil ao retirar de Alckmin, um ex-governador que havia derrotado Lula dois anos antes na capital, a vaga do anti-PT. Agora, basta não errar.
Já para Marta, o que veio antes foi brincadeira perto do resultado que ela precisa produzir nas próximas três semanas.


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