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ANÁLISE
O Lula da vez é Kassab
RENATA LO PRETE
EDITORA DO PAINEL
Os fragmentos de discurso
testados pelo PT na reta final
do primeiro turno indicam que
a missão de Marta Suplicy será
bem mais árdua do que sugerem os nove pontos de vantagem dados pelo Datafolha a Gilberto Kassab na última simulação do confronto entre os dois.
Ontem, ao votar, ela afirmou
que "agora vamos comparar as
biografias e trajetórias". Trata-se de introdução aos assuntos
Paulo Maluf (a quem Kassab
apoiou no passado) e Celso Pitta (de quem chegou a ser secretário do Planejamento).
Essa tentativa de associação
já foi feita exaustivamente no
primeiro turno, sem nenhum
sinal de aderência no eleitorado. O último candidato que tentou se fiar na "comparação de
biografias" está agora a caminho de Pindamonhangaba.
Outra linha recém-introduzida por Marta é a da cidade dividida entre pobres e ricos, com
o PT ao lado dos primeiros.
Tal argumento é algo contraditório com a meta, publicamente fixada pela ex-prefeita
na largada da atual campanha,
de reconquistar a classe média
perdida em 2004. O principal
problema, porém, é que ele já
foi utilizado por Marta, sem sucesso, quatro anos atrás.
Na semana passada, diante
dos sinais de que Kassab terminaria próximo de Marta, e não
do terceiro colocado, petistas
começaram a lançar a idéia de
um segundo turno "como o de
2006" (Lula x Alckmin).
Falavam da necessidade de
achar, como dois anos atrás,
um carimbo que fragilize o adversário. Sendo a eleição municipal, e os resultados sociais da
atual administração no mínimo comparáveis aos da anterior, difícil imaginar que carimbo será esse. Dirão que Kassab
vai privatizar o Anhembi?
É evidente que o diagnóstico
não está fechado contra Marta.
Acabou a supremacia de Kassab no tempo de propaganda. A
equalização pode ajudá-la.
Se acertar o tom, ela também
pode tirar proveito da inexperiência de Kassab no "mano a
mano". Ele jogou para inviabilizar o primeiro debate da Globo.
Deu certo. Agora não vai dar.
Mas, já que é para lembrar de
2006, ali a migração natural
dos votos de quem havia ficado
pelo caminho favorecia Lula. O
Lula da vez é Kassab.
Este realizou sua tarefa mais
difícil ao retirar de Alckmin,
um ex-governador que havia
derrotado Lula dois anos antes
na capital, a vaga do anti-PT.
Agora, basta não errar.
Já para Marta, o que veio antes foi brincadeira perto do resultado que ela precisa produzir nas próximas três semanas.
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