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JANIO DE FREITAS
Segundo caso
Os antecedentes do julgamento, em Brasília, de
quatro dos cinco acusados pelo
assassinato do índio Galdino,
queimado vivo quando dormia em uma parada de ônibus,
não poderiam deixar de ser investigados.
A repentina renúncia da promotora Maria José Miranda,
nas vésperas do julgamento
previsto para hoje, e depois de
quatro anos e meio trabalhando no caso, foi recebida pelas
autoridades do Judiciário, do
Ministério da Justiça e do governo do Distrito Federal com
naturalidade, ou indiferença,
que pode resultar no acobertamento de fatos muito graves.
Há muitos motivos, acumulados desde as primeiras providências policiais nesse caso, para admitir-se que a renúncia
repentina da promotora Maria
José Miranda tem motivos incomparavelmente mais fortes
do que a "exaustão com esse
caso", segundo o argumento
usado para sua atitude.
Ocorrem com facilidade as
hipóteses para levar à renúncia
deixando tempo insuficiente
para o estudo adequado, pelo
promotor substituto, do processo que ocupa 6.000 páginas.
A haver investigações, seria
preciso que delas se incumbisse
a Polícia Federal, e não a polícia do Distrito Federal. Há fundamentação possível para
transferir o assunto do DF para
o âmbito do Ministério da Justiça.
Imposto ainda
Entre outros reparos ao números do Imposto de Renda levantados por Sacha Navarro, e
aqui referidos no domingo, o
secretário da Receita Federal,
Everardo Maciel, observa que o
número de declarantes do IR
não é de 11 milhões, mas de 13
milhões (não incluídas as declarações de isenção, que elevariam o total de declarantes para 60 milhões). Dos 13 milhões,
os pagantes são 4,5 milhões.
Outro reparo nega que a taxação média do lucro do capital fique em 11,77%, observando que 25% de IR sobre o lucro
somam-se 9% de Contribuição
Social Sobre o Lucro, perfazendo total idêntico ao dos Estados Unidos.
Contraste
A espantosa conquista de Daniele Hypólito, jovem de classe
média baixa que ficou como
segunda melhor ginasta no
Campeonato do Mundo, mostra bem o que é feito com o dinheiro público.
O governo tem um chamado
Ministério do Esporte. O responsável por essa entidade, o
deputado Carlos Melles, apareceu no noticiário com algum
destaque quando deu prioridade à aplicação de verbas ministeriais na sua região eleitoral,
onde sua mulher se apresentou
como candidata na última
eleição municipal. Mas Daniele Hypólito só pôde surpreender o mundo do esporte porque
Ronaldo, o craque às voltas
com o joelho, incluiu-a entre as
pessoas por ele ajudadas financeiramente. Sem isso, Daniele
não teria chegado ao Mundial.
Mas não haverá falta de desfaçatez para que gente do governo explore, promocionalmente, o êxito e as celebrações
de Daniele. É uma vitoriosa e
muitos desclassificados.
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