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OUTRO LADO
Empresas negam envolvimento com subfaturamento dos valores
DO ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
Algumas empresas contatadas
pela Folha negaram envolvimento em um esquema para subfaturar os valores declarados sobre
serviços prestados à campanha
do prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi, no ano passado.
A maioria utilizou o argumento
de que os documentos eram apenas fotocópias e não poderiam ser
comprovados como autênticos.
A GW Comunicações, uma produtora de vídeo, aparece na documentação do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) como recebedora
de R$ 652 mil. Nos documentos
secretos, o valor sobe para R$
4,052 milhões.
Francisco Vianey Pinheiro, um
dos sócios da GW, nega esse subfaturamento e afirma desconhecer o assunto.
A Loducca, que prestou serviços
como agência de publicidade ao
prefeito Taniguchi na campanha,
recebeu R$ 400 mil de acordo
com os registros do TRE. No livro-caixa manuscrito, o valor é de
R$ 1,501 milhão.
Por meio de sua assessoria, a
agência nega o recebimento além
dos R$ 400 mil declarados. Aponta para dois detalhes do registro
paralelo da campanha.
Primeiro, que o recibo do pagamento por intermédio do suposto
caixa dois contém uma assinatura
que seria diferente da do diretor
responsável pelo recebimento de
faturas na Loducca.
O segundo detalhe é que o nome da empresa é mencionado como Lowe Loducca. Na realidade,
o nome correto é Tarso Loducca,
empresa criada para atender
campanhas eleitorais.
Erros
O erro de nomes, entretanto, é
comum no livro-caixa manuscrito, que era um documento reservado. O nome das empresas fornecedoras é quase sempre redigido apenas de maneira parcial,
sem preocupação de anotar a grafia correta -mesmo das que estão corretamente declaradas ao
Tribunal Regional Eleitoral.
A Nosso Estúdio, empresa que
fez os programas de rádio de Taniguchi, recebeu R$ 196 mil. Na
contabilidade paralela, a soma é
de R$ 1,506 milhão.
A assessoria do Nosso Estúdio
declarou que a empresa recebeu
apenas o valor declarado ao TRE.
A Brasmarket, empresa que faz
pesquisas de opinião, não está declarada ao TRE. Na contabilidade
secreta, aparece um valor de R$ 84
mil destinado à empresa.
Laércio de Oliveira, que trabalhava na Brasmarket à época da
campanha, disse se recordar de
um serviço prestado a Taniguchi.
Arthur Cruz Neto, diretor da empresa, afirma ter verificado os arquivos e não ter encontrado registros de pesquisas realizadas para
Taniguchi.
Além do registro no livro-caixa,
há também nos papéis da contabilidade secreta uma fotocópia do
que seria um recibo da Brasmarket no valor de R$ 20 mil, assinado por Arthur Cruz Neto.
O Instituto Bonilha, que faz pesquisas de opinião, também aparece como prestador de serviços no
caixa secreto. A empresa foi notificada dessa informação na semana passada. O instituto ficou de
dar uma resposta, mas até ontem
não havia respondido.
(FR)
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