São Paulo, terça-feira, 06 de novembro de 2001

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OUTRO LADO

Empresas negam envolvimento com subfaturamento dos valores

DO ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

Algumas empresas contatadas pela Folha negaram envolvimento em um esquema para subfaturar os valores declarados sobre serviços prestados à campanha do prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi, no ano passado.
A maioria utilizou o argumento de que os documentos eram apenas fotocópias e não poderiam ser comprovados como autênticos.
A GW Comunicações, uma produtora de vídeo, aparece na documentação do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) como recebedora de R$ 652 mil. Nos documentos secretos, o valor sobe para R$ 4,052 milhões.
Francisco Vianey Pinheiro, um dos sócios da GW, nega esse subfaturamento e afirma desconhecer o assunto.
A Loducca, que prestou serviços como agência de publicidade ao prefeito Taniguchi na campanha, recebeu R$ 400 mil de acordo com os registros do TRE. No livro-caixa manuscrito, o valor é de R$ 1,501 milhão.
Por meio de sua assessoria, a agência nega o recebimento além dos R$ 400 mil declarados. Aponta para dois detalhes do registro paralelo da campanha.
Primeiro, que o recibo do pagamento por intermédio do suposto caixa dois contém uma assinatura que seria diferente da do diretor responsável pelo recebimento de faturas na Loducca.
O segundo detalhe é que o nome da empresa é mencionado como Lowe Loducca. Na realidade, o nome correto é Tarso Loducca, empresa criada para atender campanhas eleitorais.

Erros
O erro de nomes, entretanto, é comum no livro-caixa manuscrito, que era um documento reservado. O nome das empresas fornecedoras é quase sempre redigido apenas de maneira parcial, sem preocupação de anotar a grafia correta -mesmo das que estão corretamente declaradas ao Tribunal Regional Eleitoral.
A Nosso Estúdio, empresa que fez os programas de rádio de Taniguchi, recebeu R$ 196 mil. Na contabilidade paralela, a soma é de R$ 1,506 milhão.
A assessoria do Nosso Estúdio declarou que a empresa recebeu apenas o valor declarado ao TRE.
A Brasmarket, empresa que faz pesquisas de opinião, não está declarada ao TRE. Na contabilidade secreta, aparece um valor de R$ 84 mil destinado à empresa.
Laércio de Oliveira, que trabalhava na Brasmarket à época da campanha, disse se recordar de um serviço prestado a Taniguchi. Arthur Cruz Neto, diretor da empresa, afirma ter verificado os arquivos e não ter encontrado registros de pesquisas realizadas para Taniguchi.
Além do registro no livro-caixa, há também nos papéis da contabilidade secreta uma fotocópia do que seria um recibo da Brasmarket no valor de R$ 20 mil, assinado por Arthur Cruz Neto.
O Instituto Bonilha, que faz pesquisas de opinião, também aparece como prestador de serviços no caixa secreto. A empresa foi notificada dessa informação na semana passada. O instituto ficou de dar uma resposta, mas até ontem não havia respondido. (FR)


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