São Paulo, terça-feira, 06 de novembro de 2001

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Presidente de comitê do PFL vê "montagem grosseira"

Juca Varella/Folha Imagem
Mário Lopes Filho, presidente do comitê financeiro de Taniguchi


DO ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

Mário Lopes Filho, presidente do comitê financeiro da campanha de Cassio Taniguchi (PFL), teve uma resposta quase padrão para todas as perguntas da Folha: ele dizia sempre que os documentos apresentados eram apenas uma montagem.
Confrontado com fatos que demonstravam a verossimilhança do material, continuou a repetir a mesma resposta. Indagado se se recordava do nome do instituto de pesquisa contratado para fazer levantamentos de opinião, disse não se recordar.
MLF, como está identificado nos papéis do que seria o caixa dois de Taniguchi, também disse não ser possível reconhecer como sua a letra em um papel fotocopiado -no qual há uma ordem de devolução de uma doação de campanha.
Leia a seguir os principais trechos de sua entrevista: (FR)

Folha - O sr. ia todos os dias ao comitê durante a campanha?
Mário Lopes Filho -
Praticamente todos os dias.

Folha - Qual era a sua função?
MLF -
Era o responsável oficial pelas receitas e despesas, junto com o tesoureiro.

Folha - Como era feita a contabilidade da campanha?
MLF -
Com um programa que o TRE fornece.

Folha - Antes de lançar os dados no programa do TRE, havia algum lançamento em um livro-caixa comum, manuscrito?
MLF -
Pelo menos não com minha autorização ou orientação. Temos que obedecer a legislação e usar o programa do TRE.

Folha - Tudo o que está declarado ao TRE está neste livro-caixa. Mas nem tudo o que está no livro-caixa está no TRE. O que o sr. acha disso?
MLF -
Você está me mostrando um caixa que desconheço a origem. Desconheço. Não tem a minha autorização para existir. Isso aqui é uma coisa, ao meu modo de ver, grosseiramente montada. Alguém copiou os dados dos TRE e acrescentou uma série de coisas que não reconheço como oficialmente da campanha.

Folha - Qual o objetivo dessa, como o sr. diz, montagem?
MLF -
Desconheço.

Folha - Algumas empresas que não estão declaradas no TRE confirmam ter prestado serviço à campanha. É possível que isso tenha acontecido?
MLF -
A declaração oficial da campanha tem exatamente o que foi pago por serviços e materiais. Oficiosamente ninguém recebe da campanha.

Folha - O sr. reconhece esta listagem de computador [mostrando o documento"?
MLF -
Não. É uma montagem fácil de fazer.

Folha - O sr. reconhece o nome das empresas? Por exemplo, Alka Fotolitos prestou serviços?
MLF -
Alka Fotolitos eu acho que prestou. Preciso ver.

Folha - Foi contratado algum instituto de pesquisa para fazer levantamentos na campanha?
MLF -
É tanta gente...

Folha - Mas a contratação de um instituto é fácil de lembrar, não é? O sr. não se recorda?
MLF -
De cabeça não me lembro.

Folha - É possível que nenhum instituto tenha sido contratado?
MLF -
Se é possível? Talvez seja. Não posso te dizer.

Folha - Camisetas. O sr. se recorda do nome de um fornecedor?
MLF -
SASS.

Folha - Uma empresa chamada Toccafondi forneceu?
MLF -
Não tenho lembrança.

Folha - O Vox Populi confirma ter prestado serviço para a campanha. Não há registro disso no TRE. Há um recibo do pagamento.
O sr. o reconhece?
MLF -
Acho isso uma falsificação grosseira.

Folha - Mas o sr. acha então que o dono do Vox Populi, Marcos Coimbra, se equivocou ao confirmar o serviço prestado?
MLF -
Não posso te dizer. Não tive contato com ele.

Folha - Apesar de o sr. considerar tudo uma falsificação, há empresas que estão reconhecendo várias dessas operações. A empresa Risotolândia, por exemplo, reconhece como verdadeiro um recibo de R$ 100 mil, que não está declarado ao TRE. Como o sr. explica isso?
MLF -
Pelo que eu me recordo não há possibilidade de registro no TRE de prestação de serviço da Risotolândia. Doação, sim.

Folha - Esta letra neste bilhete [mostrando o papel em que há uma ordem para entregar a um posto de gasolina R$ 40 mil doados pela empresa Ipiranga Petróleo" é sua ou parecida com a sua?
MLF -
Isso é xerox...

Folha - Mas parece com sua letra?
MLF -
Ah, é difícil de dizer. É uma fotocópia.


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