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SUCESSÃO NO ESCURO
Ministro se recusa a aparecer como pré-candidato à Presidência; partido se reúne para discutir programas
Saída de Serra da TV acirra crise tucana
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A intenção do presidente do
PSDB, José Aníbal (SP), de apresentar os pré-candidatos do partido à sucessão presidencial levou o
ministro José Serra (Saúde) a não
gravar sua participação nas inserções e programas de TV que a sigla exibe a partir de hoje.
A recusa de Serra abriu uma crise no PSDB. Aníbal convocou
uma reunião da Executiva Nacional para hoje à noite, em Brasília,
a fim de discutir o conteúdo do
programa de 20 minutos que será
exibido no próximo dia 15.
"As decisões políticas do PSDB
devem ser tomadas coletivamente", defendeu o deputado Alberto
Goldman (SP), um dos cinco vice-presidentes da sigla. Até as 19h de
ontem, nenhum tucano de peso
havia confirmado presença. Serra
estará em viagem ao Qatar.
O conteúdo do programa de TV
do PSDB foi definido em uma
reunião realizada no dia 23 de outubro, no Palácio da Alvorada,
com Fernando Henrique Cardoso, Serra, Andréa Matarazzo (Comunicação de Governo), líderes
no Congresso e parte da Executiva Nacional dos tucanos.
A proposta aprovada previa que
o programa de 20 minutos do dia
15 seria estrelado por FHC e mostraria basicamente as políticas sociais do governo. As inserções de
30 segundos serão exibidas, além
de hoje, nos dias 8, 10, 13 e 17, dez
vezes ao dia. Na reunião do Alvorada, ficou resolvido que os principais personagens do PSDB apareceriam, inclusive os pré-candidatos, mas de maneira institucional. Cada uma falaria de sua área
de atuação e ponto final.
No meio do caminho, José Aníbal mudou de idéia. Deputado
identificado com a ala que apóia a
candidatura presidencial de Tasso Jereissati, governador do Ceará, Aníbal passou a achar que os
"spots" de 30 segundos deveriam
apresentar os pré-candidatos do
PSDB à sucessão de FHC.
Seria algo no estilo que o PFL fez
na quinta passada, quando mostrou Roseana Sarney (MA) como
presidenciável, mas sem dizer claramente que ela é candidata.
No domingo, Serra conversou
com Aníbal e disse que não é o
momento adequado para o pré-lançamento de candidaturas e se
recusou a gravar o programa nos
moldes previstos pelo deputado.
Nos bastidores, Aníbal trabalha
discretamente pela candidatura
de Tasso. Apresentando os pré-candidatos tucanos no programa
de TV, beneficiaria o governador
cearense, já que Serra tem mídia
nacional. No domingo, o ministro
ocupou o horário nobre da televisão a fim de tratar de um programa para a hipertensão arterial.
Apesar do crescimento de Roseana nas pesquisas, Serra quer
manter o plano de vôo que traçou:
definir a candidatura entre o final
de fevereiro e o início de março e
ficar no governo até o último dia
possível, para associar a candidatura à sua gestão na Saúde.
No impasse entre Serra e Aníbal, os tucanos pousaram no muro. O "spot" de hoje, em vez de
apresentar um pré-candidato, será do tipo institucional, sobre
ações sociais do governo. O que
acontecerá com os próximos programas será decidido na reunião
de hoje da Executiva.
O crescimento de Roseana está
deixando nervoso o PSDB. Para o
deleite do PFL. Na sigla, diz-se
que Serra não quer fazer um programa semelhante ao de Roseana
para o PSDB não perder o argumento de que seus candidatos
não decolam nas pesquisas porque não têm o mesmo tratamento
nos programas de TV da legenda.
Colaborou a Reportagem Local
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