São Paulo, terça-feira, 06 de novembro de 2001

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NO AR

Duelo de propaganda

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

A CNN atravessou o fim de semana registrando corretamente o novo pronunciamento de Osama bin Laden.
Mas nada de imagens e sempre com o destaque, na sequência, para o outro lado, do governo americano -dizendo não passar de um "ato de desespero" de Bin Laden.
Mais significativo, porém, foi a própria CNN apresentar o pronunciamento com a expressão "guerra de propaganda" carimbada na tela.
A propaganda não é obsessão só do lado americano.
A agência de notícias do Irã relatava ontem que o ministro da cultura do país, em reunião com o colega da Síria, disse que as nações islâmicas precisam se esforçar para corrigir a "imagem falsa" dos muçulmanos que a campanha de "propaganda" da TV ocidental estaria transmitindo ao mundo.
Ele se gabou da TV dos países islâmicos -sem citar, mas em referência ao canal Al Jazeera- que estaria refletindo os fatos da guerra com mais independência do que a ocidental.

 

Para azar dele, no mesmo dia a mesma agência "noticiava" esta declaração de um ministro do Taleban:
- Os americanos lançaram propaganda dizendo que o Mullah Omar havia se escondido, então eu sugiro que o senhor Blair e o senhor Bush peguem seus (fuzis) Kalashnikovs e venham a um lugar específico onde o Mullah Omar vai aparecer com um Kalashnikov para ver quem sai correndo.
 

Na entrega do Emmy, no canal Sony, as próprias escolhas destilaram patriotismo, a começar pelos muitos prêmios dados a "The West Wing" -sobre o cotidiano na Casa Branca e o primeiro seriado a tratar dos atentados.
Também não faltaram discursos patrióticos, como o de um símbolo democrata, Barbra Streisand -que tem apoiado Bush e, no programa, saiu falando de "um tipo diferente de consciência" no país.
Mas o fato é que muitos dos premiados nem apareceram para a cerimônia.
 

O que não se pode negar ao governo Bush e à TV americana, a começar da CNN, é o esforço que vêm fazendo para não estigmatizar a religião e os fiéis muçulmanos.
Por aqui, a Rede Globo segue os passos da Record e vai abraçando uma religião como sua, no caso, a católica.
O padre Marcelo Rossi estava lá de novo, no fim de semana e ontem, como estrela não apenas de seu programa exclusivo, mas também dos telejornais.


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