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São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2003

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OUTRO LADO

Irmãos Mazloum não comentam o teor de gravações

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O juiz federal Casem Mazloum que não pode comentar transcrições de conversas telefônicas sem conhecer a íntegra da denúncia.
Ele foi questionado sobre diálogo em que o agente federal César Herman Rodrigues diz ao delegado federal José Augusto Bellini que conseguira, para o juiz e seus familiares, oito passagens para o Líbano.
"Não tenho condições de me defender de acusações pela imprensa sem ter tido acesso aos autos", diz Casem Mazloum. "Meu advogado também não teve acesso aos autos", diz o magistrado.
O juiz federal Ali Mazloum, titular da 7ª Vara Criminal, ao saber da transcrição de trechos das gravações feitas pela Polícia Federal, disse que "não responde por conversas de terceiros".
A Folha leu para ele trechos do diálogo entre o agente Rodriguez e o delegado Bellini, no qual este revela preferência pelo juiz Ali.
Na interpretação da Polícia Federal, o delegado insinuaria que, com o juiz Ali Mazloum, o acerto financeiro seria mais vantajoso do que com seu irmão, o juiz Casem Mazloum, titular da 1ª Vara Criminal.
"A conversa de terceiros é um problema deles. É preciso indicar qual foi o caso. Há 3.000 processos [sob sua jurisdição] e eles estão abertos. Desafio quem apresente qualquer irregularidade", disse Ali.
"Os réus, presos que condenei, que tiveram o sigilo quebrado, agora estão com o caminho aberto para exercer a vingança", afirma o juiz, sobre a transcrição de diálogos obtidos por meio de grampos telefônicos com autorização judicial.
Ele diz que "há muitas infâmias e difamações, mas ainda não conheço a acusação", diz.
Ali foi denunciado pelo Ministério Público Federal por formação de quadrilha, ameaça e abuso de poder. Seu irmão, Casem, por formação de quadrilha, falsidade ideológica e interceptação ilegal de telefone.
Até o final desta edição, a Folha não conseguiu ouvir o juiz João Carlos da Rocha Mattos, da 4ª Vara Criminal, tendo deixado recados em seu gabinete e seu celular.
Os procuradores federais o denunciaram à Justiça por formação de quadrilha, falsidade ideológica, peculato, prevaricação e corrupção passiva. Sua prisão preventiva foi pedida pelos representantes do Ministério Público.


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