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Padre que morou em SP é beatificado
Igreja atribui ao espanhol Mariano de la Mata o milagre pela cura de um estudante atropelado no interior paulista
Missa na catedral da Sé, presidida pelo cardeal português José Saraiva Martins, foi assistida por mais de 3.000 pessoas
Rodrigo Paiva/Folha Imagem
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Missa de beatificação do padre Mariano, ontem, na catedral da Sé |
DA REPORTAGEM LOCAL
O padre espanhol Mariano
de la Mata Aparício (1905-1983), que viveu no Brasil por
52 anos, foi beatificado ontem
na catedral da Sé, em São Paulo,
numa missa assistida por cerca
de 3.000 pessoas.
A Igreja Católica atribuiu a
Aparício um milagre pela cura
do estudante João Paulo Lopes
da Silva Polotto, 16, de São José
do Rio Preto (SP), que se restabeleceu quatro dias após ter sido atropelado, em 1996.
Com a beatificação, um dos
passos para a canonização, o
papa Bento 16 autoriza a veneração pública da pessoa. No
atual papado, esta é a segunda
beatificação no país e a 44º em
todo o mundo. O Brasil tem
agora 74 beatos.
O pontificado de João Paulo
2º (1978-2005) declarou santas
ou beatas 1.827 pessoas, mais
do que todos os seus predecessores juntos desde 1588, segundo o cardeal português José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos
Santos do Vaticano, que presidiu a missa de ontem como representante do papa.
Indagado se a ampliação do
número de beatos é parte de
uma política da igreja, o cardeal
discordou: "Não é uma política.
A idéia é propor um modelo de
vida cristã e evangélica ao homem de hoje".
A beatificação do padre foi
pedida ao Vaticano pelo arcebispo de São Paulo, dom Cláudio Hummes, recentemente
nomeado cardeal prefeito
-uma espécie de "ministro" do
papa- da Congregação para o
Clero. "Esse gesto encoraja a
igreja no Brasil e em São Paulo
a fazer da santificação de seus
fiéis o principal objetivo de toda a sua vida e ação pastoral."
A missa foi vista por três sobrinhas do padre, Maria, Socorro e Martina -que entregaram
uma relíquia para ser enviada
ao Vaticano, com um pedaço de
um osso do padre- e por Polotto e sua família.
Polotto foi atropelado aos
seis anos, quando fazia uma excursão em Barra Bonita (SP)
com alunos de um colégio católico. A roda de um caminhão
atingiu sua cabeça. Foi levado
ao hospital pela mãe, Eliana,
que é médica ginecologista.
"Eu, como médica, digo que
ele recebeu o que há de melhor
na medicina. Agora, o caso era
crítico, o risco de morte rápida
era de 50%, e o de ficar com seqüelas era de praticamente
100%", disse Eliana.
De acordo com a igreja, durante a recuperação do estudante formou-se no colégio um grupo de orações voltadas ao
padre Mariano. Polotto, que
não tem seqüelas, disse não se
lembrar do acidente, mas afirmou "crer em milagres". "O que
houve de surpreendente foi a
rapidez da cura", afirmou Eliana.
(RUBENS VALENTE)
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