São Paulo, segunda-feira, 06 de novembro de 2006

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Padre que morou em SP é beatificado

Igreja atribui ao espanhol Mariano de la Mata o milagre pela cura de um estudante atropelado no interior paulista

Missa na catedral da Sé, presidida pelo cardeal português José Saraiva Martins, foi assistida por mais de 3.000 pessoas

Rodrigo Paiva/Folha Imagem
Missa de beatificação do padre Mariano, ontem, na catedral da Sé


DA REPORTAGEM LOCAL

O padre espanhol Mariano de la Mata Aparício (1905-1983), que viveu no Brasil por 52 anos, foi beatificado ontem na catedral da Sé, em São Paulo, numa missa assistida por cerca de 3.000 pessoas.
A Igreja Católica atribuiu a Aparício um milagre pela cura do estudante João Paulo Lopes da Silva Polotto, 16, de São José do Rio Preto (SP), que se restabeleceu quatro dias após ter sido atropelado, em 1996.
Com a beatificação, um dos passos para a canonização, o papa Bento 16 autoriza a veneração pública da pessoa. No atual papado, esta é a segunda beatificação no país e a 44º em todo o mundo. O Brasil tem agora 74 beatos.
O pontificado de João Paulo 2º (1978-2005) declarou santas ou beatas 1.827 pessoas, mais do que todos os seus predecessores juntos desde 1588, segundo o cardeal português José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos do Vaticano, que presidiu a missa de ontem como representante do papa.
Indagado se a ampliação do número de beatos é parte de uma política da igreja, o cardeal discordou: "Não é uma política. A idéia é propor um modelo de vida cristã e evangélica ao homem de hoje".
A beatificação do padre foi pedida ao Vaticano pelo arcebispo de São Paulo, dom Cláudio Hummes, recentemente nomeado cardeal prefeito -uma espécie de "ministro" do papa- da Congregação para o Clero. "Esse gesto encoraja a igreja no Brasil e em São Paulo a fazer da santificação de seus fiéis o principal objetivo de toda a sua vida e ação pastoral."
A missa foi vista por três sobrinhas do padre, Maria, Socorro e Martina -que entregaram uma relíquia para ser enviada ao Vaticano, com um pedaço de um osso do padre- e por Polotto e sua família.
Polotto foi atropelado aos seis anos, quando fazia uma excursão em Barra Bonita (SP) com alunos de um colégio católico. A roda de um caminhão atingiu sua cabeça. Foi levado ao hospital pela mãe, Eliana, que é médica ginecologista.
"Eu, como médica, digo que ele recebeu o que há de melhor na medicina. Agora, o caso era crítico, o risco de morte rápida era de 50%, e o de ficar com seqüelas era de praticamente 100%", disse Eliana.
De acordo com a igreja, durante a recuperação do estudante formou-se no colégio um grupo de orações voltadas ao padre Mariano. Polotto, que não tem seqüelas, disse não se lembrar do acidente, mas afirmou "crer em milagres". "O que houve de surpreendente foi a rapidez da cura", afirmou Eliana. (RUBENS VALENTE)


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