São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2008

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Presidente do Senado critica STF e Planalto

Garibaldi diz que não queria deixar cargo sem condenar o excesso de MPs e a interferência do Judiciário

ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sua direita e o presidente Gilmar Mendes (Supremo Tribunal Federal) à sua esquerda, o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), criticou ontem o Judiciário, a edição de MPs pelo Executivo e a falta de empenho do Legislativo em aprovar as reformas constitucionais.
As declarações foram feitas na sessão solene do Congresso Nacional para comemorar os 20 anos da promulgação da Constituição. O encontro contou também com a participação do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) e do vice-presidente José Alencar.
"Gostaria de dizer que a Constituinte de 1988 nos levou a uma situação de balanceamento não muito equilibrado entre os três Poderes, de modo que a culpa também não é do presidente Gilmar Mendes. Aqui e acolá, o Poder Judiciário esquece que é Poder Judiciário e pensa que é Poder Legislativo", disse Garibaldi, aplaudido.
Após criticar o excesso de MPs, ele observou: "O presidente Lula não é culpado. O uso do cachimbo faz a boca torta. Na verdade, ele encontrou na sua mão um instrumento capaz de fazer com que as coisas andem no Executivo, mas ao arrepio do processo parlamentar".
Garibaldi também cobrou do presidente maior participação na aprovação de reformas constitucionais: "Por que adiar a reforma política? Por que adiar a reforma tributária? O que está faltando, meu Deus?", disse. "Este Congresso só será digno da Constituinte se, com a liderança do presidente Lula, impulsionar um processo de reformas", afirmou Garibaldi.
Garibaldi provocou risos ao explicar as razões de sua coragem: "Desculpem. Talvez seja o fato de que eu estar quase me despedindo que me dá essa coragem. O fato de deixar a presidência do Senado no dia 1º de fevereiro já me dá esse sentimento. Eu só quero levar comigo a certeza de que não me omiti diante do que vi", afirmou.


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