São Paulo, terça-feira, 06 de dezembro de 2005

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OUTRO LADO

Publicitário nega repasse de verba à offshore e negócio com corretoras

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O empresário Marcos Valério negou qualquer negócio com as corretoras Laeta e Euro. Também disse desconhecer qualquer repasse de sua empresa, a 2S Participações, à offshore panamenha RS Administração. Ele confirmou o repasse de cerca de R$ 10 milhões à Guaranhuns. Quantia parecida, disse, foi destinada à Bônus-Banval. Parte do dinheiro, porém, teria sido devolvida pela corretora.
"O destino do meu dinheiro obedecia às ordens de Delúbio Soares. Quando ele desistiu de fazer um pagamento a um político, que não posso revelar o nome, a Bônus me devolveu cerca de R$ 3,5 milhões", afirmou Valério.
O diretor financeiro da Euro DTVM, Jorge Crispim, negou qualquer ligação com Lúcio Funaro e Valério, bem como qualquer operação ilícita no mercado financeiro. Ele lembrou a existência de uma liminar que impede a quebra dos sigilos fiscal e bancário da Euro. Assim, disse Crispim, ele não desrespeitaria a decisão se pronunciando sobre os resultados das operações com a Prece, sobre eventuais transações com a Natimar ou outro negócio.
Por meio de sua assessoria, a direção da Prece disse que até a semana passada não havia sido notificada pela SPC sobre os supostos prejuízos com a Laeta e Euro. Segundo a direção, o vazamento de informações sobre a fundação se deve a interesses políticos.
Lúcio Funaro negou irrigar um suposto esquema para distribuição de recursos a políticos. Disse que nunca foi sócio, diretor ou acionista de qualquer instituição financeira ou corretora. Afirmou jamais ter operado no mercado financeiro mediante combinação prévia que resultasse em prejuízo a fundos de pensão.
Funaro admitiu ser dono da Royster e da Erst Banking e declarou que não atua como doleiro e que nunca foi notificado por qualquer órgão fiscalizador sobre investigações envolvendo seu nome. "Torno disponíveis meus sigilos bancário, telefônico e fiscal à Procuradoria", disse. "Porém, causa-me estranheza o fato de dados sobre os quais sequer tenho conhecimento terem vazado à imprensa. Isso só pode ter ocorrido de duas formas: via CPI dos Correios ou Coaf. É por esse motivo que recorro ao STF, que não tem motivações políticas."
Por meio de sua assessoria, a Bônus-Banval lembrou ter contratado uma auditoria para checar as operações nas quais teve participação. Os dados foram remetidos à imprensa, à CPI dos Correios e à PF, com o objetivo de tornar explícita a vontade da corretora de participar da elucidação dos fatos. A Bônus-Banval reiterou que todas as ações feitas por ela aconteceram à luz da legalidade e que, se comprovado um esquema de corrupção, a empresa foi usada por terceiros, que teriam se aproveitado da fragilidade de sua situação financeira à época.
A corretora reafirma que todos os repasses de verbas foram efetuados com a autorização expressa dos investidores.
O dono da Natimar, Carlos Alberto Quaglia, sustenta que não conhece Valério. Disse que sua empresa movimentou milhões de dólares nos últimos anos porque emprestou dinheiro de empresas estrangeiras.
Quaglia disse não ter nenhum tipo de relacionamento com a RS Administração ou com empresas panamenhas. Segundo ele, a conta da Natimar foi usada pela Bônus-Banval à sua revelia.
(LS e JL)


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