São Paulo, terça-feira, 06 de dezembro de 2005

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Relatório sobre fundos de pensão vai convocar ex-assessor de Dirceu

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado ACM Neto (PFL-BA), sub-relator da CPI dos Correios, apresenta hoje o primeiro relatório das investigações realizadas sobre os fundos de pensão. Segundo a Folha apurou, o caso mais grave entre os 14 fundos que tiveram suas contas analisadas é o da Prece (da Cedae, companhia de saneamento estadual do Rio).
ACM Neto evitará relacionar nomes de políticos às operações que geraram perdas às fundações, mas pelo menos uma convocação ligada ao PT já está certa: a de Marcelo Sereno, ex-secretário de Comunicação do PT e ex-assessor de José Dirceu na Casa Civil. Sereno exercia influência no Nucleos, fundo de pensão dos funcionários das estatais de energia nuclear.
O deputado apresentará os números das perdas e uma lista com os nomes das pessoas que serão ouvidas pela CPI. "Vocês saberão quem eram os diretores responsáveis [pelos fundos à época em que as operações irregulares foram realizadas] e, portanto, quem os indicou. Os interesses ficarão claros", disse ACM Neto, que apresenta o relatório hoje, às 11h.
"Deduções sobre ingerências políticas ficarão para os membros da CPI, a imprensa e a opinião pública", afirmou. A CPI concentrou-se sobre as operações com títulos públicos e as realizadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros.
Nomes de pessoas físicas e jurídicas do mercado financeiro que sugiram no escândalo do "mensalão" estão entre os que serão ouvidos pela CPI. Entre os quais, segundo a reportagem apurou, Lúcio Bolonha Funaro e José Carlos Batista. O primeiro criou a empresa de fachada Guaranhuns. O segundo, apesar de ter menos de 1% do capital, é o dirigente dela.
De acordo com o empresário Marcos Valério de Souza, foi por meio da Guaranhuns que ele passou cerca de R$ 10 milhões de recursos de caixa dois ao PL.
Outro nome que será muito citado é o da corretora Bônus-Banval, pela qual Valério diz ter repassado dinheiro não-contabilizado de campanha ao PP.

Tucanos
A investigação da CPI sobre os fundos vai de 2000 a 2005, abrangendo três anos do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Uma das fundações em que há operações supostamente irregulares no governo FHC é o Geap, dos funcionários públicos federais.
Segundo ACM Neto, há fundos com problemas antes de 2003 e outros com fortes indícios de irregularidades a partir daquele. Mas o quadro seria mais sério no atual governo, segundo o relatório.
A Previ (Banco do Brasil) não terá grande destaque no relatório. Também não deverá ser incluída nenhuma operação irregular envolvendo o banco Opportunity, de Daniel Dantas.


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