São Paulo, quarta-feira, 07 de janeiro de 2004

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PAINEL

Xis da questão
Para além de toda a conversa sobre a dificuldade do emotivo Lula em demitir amigos, o que emperra a reforma ministerial, neste momento, é a resistência do PT em largar parte do osso para alimentar os aliados.

Loja de cristais
A cúpula petista teme que a reforma ministerial provoque crise no partido às vésperas da campanha municipal. Dirigentes sugerem que Lula poupe nomes ligados à esquerda da sigla, como Olívio Dutra (Cidades).

Custo zero
Se é para cortar, lideranças petistas preferem vítimas com pouca ou nenhuma influência sobre o processo eleitoral de 2004. Retornam à mesa as cartas de sempre: Benedita da Silva (Assistência Social) e Guido Mantega (Planejamento).

Puro veneno
Más línguas se perguntam como o noticiário sobre a reforma ministerial poderia "prejudicar o bom andamento de setores da administração pública", nas palavras de nota do Planalto. Imaginam que o texto se refira ao ritmo frenético de trabalho na Esplanada neste início de ano.

Doença contagiosa
No coquetel de anteontem no Itamaraty, Cristovam Buarque (Educação) sentou-se à mesa com Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia) e Miro Teixeira (Comunicações). Mudou de lugar assim que percebeu estar ao lado de demitidos em potencial.

Peregrinos
Continua a prosperar o entendimento entre os cearenses Ciro Gomes e Eunício Oliveira. O ministro da Integração Nacional encontrou seu futuro colega de Esplanada ao visitar Santiago de Compostela no final do ano.

Reprise
Depois de relatar a reforma da Previdência na CCJ da Câmara, Maurício Rands (PT-PE) repetirá a tarefa com a PEC paralela.

Me dê motivo
Às turras desde o início da gestão Lula, Senado e Câmara agora disputam a indicação do líder do governo no Congresso. Aloizio Mercadante quer um outro senador no lugar de Amir Lando (PMDB-RO), que deverá cair. Mas líderes da Câmara já pediram a vaga a José Dirceu.

Torre de Babel
A vaga de líder do governo também gera disputa dentro de cada Casa do Congresso. No Senado, Tião Viana (PT-AC), Romero Jucá (PMDB-RR) e Ney Suassuna (PMDB-PB) se candidatam. Na Câmara, estão no páreo João Herrmann (PPS-SP) e Eduardo Campos (PSB-PE) -este se não virar ministro.

Road show
Em fevereiro, quando encerrar sua temporada nos EUA e voltar ao Brasil, Fernando Henrique Cardoso iniciará um roteiro de palestras pelo país. Espera que a turnê ajude a alavancar candidaturas municipais tucanas.

Triângulo das Bermudas
O ex-presidente preocupa-se especialmente com as dificuldades iniciais do PSDB nas campanhas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Como outros analistas, avalia que a primeira cidade abrigará a mãe de todas as disputas de 2004.

Mais o que fazer
O governo decidiu recorrer da decisão que obriga a identificação de norte-americanos por pressão do Ministério da Justiça. A cúpula da pasta argumenta que não é possível manter a PF nessa atividade sem prejuízo de suas funções de segurança.

Experiência própria
Em visita recente aos EUA, Cláudia Chagas, secretária nacional de Justiça, teve de passar pelo "ritual" da retirada dos sapatos na hora de se identificar na chegada ao país.

TIROTEIO

De José Pedro Taques, procurador da República em Mato Grosso e autor da ação que resultou na obrigatoriedade da identificação de turistas norte-americanos na chegada ao Brasil, sobre as críticas do pefelista Cesar Maia à decisão:
-O prefeito do Rio de Janeiro deveria estar mais preocupado com a prostituição infantil e com o turismo sexual disseminados na cidade.

CONTRAPONTO

Pesadelo na neve

Em 1997, a Marinha levou uma comitiva de deputados para conhecer a base brasileira na Antártida. Na base chilena, último pouso para aviões de grande porte, os parlamentares foram convidados a sobrevoar a região em um pequeno monomotor.
Quatro aceitaram: Paulo Bernardo (PT-PR), Yeda Crusius (PSDB-RS), Roberto Santos (PSDB-BA) e Neiva Moreira (PDT-MA). O arrependimento bateu logo que o avião decolou.
Nevava e ventava forte. A visibilidade era mínima. Sem nenhum conforto interno, a velha aeronave sacolejava sem parar.
Enquanto os colegas se desesperavam, Moreira permanecia tranquilo, como se dormisse. Quando o avião finalmente pousou, o pedetista abriu os olhos e comentou:
-Balançou um pouco, não?
Paulo Bernardo não aguentou:
-Balançou um pouco? Estou amarelo de tão enjoado!


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